Dinheiro (p. 1)

DINHEIRO

Como se chama a repetição de uma repetição? Chateação, talvez?

Repetição 1: O supremo objetivo do Amplitudo é oferecer meios para você ampliar sua liberdade.

Repetição 2 (adaptada): A forma como o Dinheiro está ligado a esse objetivo é a seguinte: o uso deficiente do dinheiro pode restringir sua liberdade.

Repetição 3: Ativos são bens que você possui resultantes de esforços passados e dos quais futuros benefícios podem ser obtidos.

Repetições feitas, vamos ao dicionário colher definições para Dinheiro:

1. Moeda.

2. Cédulas e moedas aceitas como meio de pagamento.

3. P. ext. Tudo que representa dinheiro, ou nele pode ser convertido (cheques, títulos, ações, mercadorias negociáveis, etc.).

4. Recursos financeiros; abastança, riqueza.

Se você tomar o conceito de dinheiro em sua natural abstração, não se prenderá às definições 1 e 2, mas às 3 e 4. Na verdade, pensando bem, moedas e cédulas também representam dinheiro, o que faz as duas primeiras definições estarem contidas na terceira. Basta você viajar para outro país com moedas do seu próprio que verá, rapidamente, como que aquilo não é dinheiro, mas apenas representa dinheiro. E, no caso, talvez somente no seu país.

Dado esse passo inicial, é muito importante que você entenda a abrangência da terceira definição, pois, se pensarmos de forma ampla, muitas coisas podem ser consideradas dinheiro. Por exemplo, de acordo com essa definição, representam dinheiro todas as outras quatro pontas da sua Estrela, uma vez que você as pode converter em dinheiro.

Mas isso é antecipar um pouco o conteúdo de Permuta e Sinergia, de forma que restringiremos a presente abordagem ao conceito facilmente percebido por todos quando se diz: “Fulano tem dinheiro.”. Isso significa que ele tem os atributos da quarta definição, ou seja, recursos financeiros, abastança, riqueza. Isso significa que, ao menos financeiramente, ele não passa necessidades. E, o que é mais importante – e isso você bem sabe: as pessoas ricas atribuem considerável parte da qualidade de suas vidas ao dinheiro.

Explicar tecnicamente o dinheiro é tão complicado quanto desnecessário, uma vez que, de forma relativamente intuitiva – e também por força da prática no dia a dia – todos sabemos mais ou menos o que o dinheiro é. Sendo assim, passemos a discussões mais interessantes.

Como um seguidor fiel dos conceitos amplitudianos, dividirei as coisas para mantê-las em ordem. Trataremos o dinheiro, aqui, sempre sob dois distintos pontos de vista: como ganhar e como gastar. Sim, porque o seu dinheiro – seus recursos, sua riqueza – nada mais é do que o resultado de uma equação simples: quanto você ganha menos quanto você gasta (tijolo: saldo). Assim, toda a sua atenção em relação ao dinheiro deve sempre estar voltada a essas duas áreas: receitas e despesas. Lembre-se: não somente a uma ou a outra, mas às duas.

Comecemos por analisar um tijolo que, no tocante à acumulação de capital, é uma das ferramentas mais poderosas do mundo: o cenário.

Não importa o quanto você ganha hoje. Amanhã, pode ser diferente. Pode inclusive vir a ser mais ou menos. Tendo isso em mente, você deveria elaborar planos de gastos para diferentes níveis de ganho.

Obs.: Fizemos a divisão entre como ganhar e como gastar, mas, aqui, ainda estamos tratando dos dois conceitos interligados.

Examinemos a seguinte situação hipotética: hoje você ganha R$ 1.500,00 por mês. Você também tem despesas mensais e essas despesas cabem, é claro, confortavelmente dentro dos 1500 reais. Você nunca ultrapassa esse valor porque tem muita disciplina e está constantemente de olho na recompensa ao final, que é a sua liberdade.

Pergunto: esse é você? Se não for, trate de ser.

Sendo essa pessoa, você há de concordar comigo que suas despesas estão corretamente dentro de seus gastos. Mas isso não significa que você tem um plano. Você pode ser – como a grande maioria – um daqueles que vai gastando conforme acompanha o extrato bancário, com o firme propósito de nunca entrar no vermelho. Então, conforme as “necessidades” de gastos vão surgindo, você vai dizendo sim ou não de acordo com o extrato bancário. E é claro que, no fim do mês, você diz muito mais nãos do que sins.

Pois, em minha opinião, este hábito, embora assegure que ao menos você não se endivide, está totalmente equivocado. Você não pode alocar todo o seu dinheiro em um único lugar (a conta no banco) e ali pendurar todas as suas despesas, pois suas necessidades possuem diferentes prioridades e, ao colocá-las todas juntas, você as nivela, ampliando o risco de não gastar com algo prioritário para gastar (ou porque já gastou) com algo secundário.

Exemplo. Você sabe que é importante a boa manutenção do seu veículo. Então suponhamos um gasto de R$ 70,00 a cada 5000 quilômetros para a troca do óleo do motor (se usar um bom óleo e trocar também o filtro). Dependendo do quanto você utilize seu carro, esse consumo pode se apresentar umas três vezes por ano.Talvez até umas sete vezes, se você viaja bastante. Vamos ficar com uma média de cinco. Só de troca de óleo, então, você gasta R$ 350,00 por ano.

Obs.: Somente para frisar a importância do procedimento, experimente não gastar esse dinheiro e veja quanto a mais lhe custará.

Imaginemos, agora, se em um dado mês os cinco mil quilômetros são alcançados um pouquinho antes de você fazer uma viagem longa, algo em torno do dia 25, não se esquecendo de que é aniversário de sua mãe no dia 29. Você olha sua conta no banco e diz: não vai dar. Tem que trocar o óleo, tem os gastos da viagem, tem que comprar um presentinho para a sua mãe…

Não conheço a sua mãe, mas é certeza que o carro não vai ficar triste ou mencionar a sua falha em almoços de família, e isso pode fazê-lo ficar tentado a não trocar o óleo para comprar o presente da sua mãe. Afinal, você poderá “dar uma esticada” e trocar o óleo na volta da viagem, por exemplo, uns dois mil quilômetros depois, logo que entrar o mês e você ganhar seu próximo salário.

Tudo errado.

A não ser que sua mãe seja muito vingativa e tenha algum instinto assassino, sua segurança não depende do presente dela. No caso do carro, sim. Está certo, você pode falar que uma troca de óleo não é nada grave e que dois mil quilômetros a mais não farão o automóvel explodir. Concordo. Mas não é o fato que estamos discutindo aqui, é o conceito. Pense que poderia ser o óleo do freio, ou uma troca de pneus. Aí, sim, a Dona Morte poderia aparecer com a foice…

A questão central aqui é que você coloca em uma só cesta todo o seu dinheiro e tira desta cesta o necessário para cobrir todos os seus gastos, independente das prioridades de cada um. Como você não é um computador para ter tudo o tempo todo calculado e como também possui sentimentos, típicos de um ser emocional que todos somos, esse jeito de organizar as finanças pode levá-lo a ter seriíssimos problemas.

Sim, porque existem exemplos ainda mais sutis e, portanto, mais difíceis de serem percebidos por nós. Quer ver?

Partamos desse pressuposto: você tem consciência de que sua carreira, sua pessoa, e sua vida como um todo podem ser beneficiadas pelo seu contínuo aprimoramento, ou seja, pelos estudos. Como vivemos em um mundo capitalista, o estudo custa. Então, se você está de acordo com a ideia de continuar se aprimorando, certamente continuará gastando com isso.

E, então, após a volta daquela tal viagem mais longa ao fim do mês, você percebe que está acabando o prazo para um curso muito importante e que pode lhe abrir um novo leque de oportunidades. Você pega o papelzinho da inscrição e lá está escrito:

– R$ 800,00 – pagamento até o dia 31 deste mês*

– R$ 960,00 – pagamento após o dia 31**

*Em até 3 vezes sem juros ou 10% de desconto para pagamento à vista.

* * Em até 3 vezes sem juros.

Você paga à vista até o dia 31: R$ 720,00. Você deixa para o dia seguinte: R$ 960,00.

Trata-se de uma diferença de R$ 240,00, ou seja, mais de 30% em um dia. Diga-me qual investimento lhe dá mais que isso para que você possa se dar ao luxo de deixar sua inscrição para o dia seguinte…

– Mas, Álvaro, não é normal que as pessoas às vezes não tenham dinheiro para determinados gastos?

Sim, é normal, e essa é exatamente a questão. O fato de ser normal não significa que seja bom, apenas que é comum. Cabe a cada um de nós investigar as causas no sentido de alterar a situação.

Mas a causa nós já identificamos no começo: você coloca todo o seu dinheiro em um só local e, dessa forma, fica muito difícil priorizar um gasto ou outro entre tantas opções. Você, sem grana devido ao fim do mês, estava em dúvida entre trocar o óleo ou dar um presente para a sua mãe. Ora, de onde vai tirar 720 reais?

Então… Se você colocasse o seu tutu em diferentes cestas, cada uma para uma finalidade, talvez a cesta supostamente batizada de aprimoramento pessoal tivesse recebido algo como 90 reais por mês e, nos últimos oito meses, você teria juntado… exatos 720.

Obs.: O legal de criar exemplos é que você pode fazer os números se encaixarem perfeitamente para dar esse efeito mágico. Mas não conte isso para ninguém. Ah e, também, se possível, não passe a desprezar meus exemplos só por causa dessa declaração…

Com os R$ 720,00 disciplinadamente poupados para o fim específico do estudo, você pode, agora, aproveitar essa incrível oportunidade de investimento onde se ganha mais de 30% em um dia. Sim, porque, caso possa transferir o curso para outra pessoa, esse seria o seu ganho se comprasse o curso no dia 31 à vista e depois passasse a alguém no dia primeiro. Provavelmente alguém cuja mãe está feliz enquanto a troca do óleo do carro está atrasada ou vice-versa.

Percebe como são as coisas?

Percebe como uma coisa leva à outra e que esta, sim, é a verdadeira razão que sustenta o ditado “dinheiro faz dinheiro”? Essa expressão não significa que somente os ricos podem enriquecer ainda mais enquanto os pobres estão eternamente condenados à pobreza. Afinal, você bem sabe que existem outras quatro pontas da sua Estrela para serem convertidas em dinheiro durante toda uma vida. E ainda tem um montão de tijolos para ajudar…

O segredo do dinheiro faz dinheiro não está na quantia de que se dispõe, mas na postura, na atitude frente à sua administração.

Para que você não pense que estou louco, ou, pelo menos, que estou louco sozinho, recomendo que dê uma olhada no consagrado livro de T. Harv Eker, O Segredo da Mente Milionária, onde ele lhe mostrará as diferentes cestas onde ele coloca o próprio dinheiro. E, por favor, mais uma vez, atenha-se ao conceito. A distribuição que você fará – se fizer – não precisa ser igual à dele. Mas o hábito precisa.

Tudo isso aparentemente fugiu um pouco do nosso tópico de abertura, que era a importância do cenário.

– E você vai dizer que foi de propósito…

Grande percepção. Foi, sim, de propósito, para ajudar a construir o seu conhecimento. Voltemos à questão: a importância do cenário e do plano antecipado de gastos é evitar que o excedente que você venha a ganhar seja consumido de forma a ferir suas prioridades de despesas. Acredite, na empolgação, e principalmente quando começar a ganhar um pouco mais de dinheiro, você vai acabar viajando para a Europa ou trocando de carro quando, se tivesse feito uma análise melhor, talvez percebesse que aquele poderia ainda não ser o melhor momento para uma despesa como estas.

E agora, a gente junta tudo resgatando o assunto dos números absolutos e percentuais que foi tratado no tijolo relatividade.

Se você estabelece cenários de diferentes receitas e despesas com números absolutos, pode ter que ficar revendo esses números a toda hora. Lembre-se, hoje você ganha 1500 reais, mas pode receber uns dois aumentos até o fim do ano (puxa, seria legal, né?).

Pior. Se sua renda for variável – se você recebe comissões, por exemplo – todo mês seu salário vai mudar. Dessa forma, fica muito desgastante calcular o quanto você vai destinar, em números fixos, a cada uma das áreas mais importantes da sua vida.

Entram em cena as porcentagens. Se você estabelecer em percentuais a quantidade de recursos para cada uma das áreas, conforme sua receita flutuar, os “repasses” acompanharão. E é por isso que citei o livro de Eker, pois lá você encontra uma tabela bem simples expressa em percentuais.

Obs.: A minha própria tabela é diferente e acredito que em breve precisarei mudá-la, no sentido de contemplar melhor algumas áreas da minha vida onde preciso fazer investimentos e que hoje, estão misturadas com outras. Mas o importante é que, após ter começado a adotar este hábito, percebi-me com mais dinheiro, mesmo ganhando a mesma coisa. Parece mágica, né?

Isso nos leva a pensar sobre duas características da sua tabela: (1) como ela se diferencia das tabelas de outras pessoas e (2) como ela se diferencia dela mesma no futuro.

Pense comigo. Você sou eu? Não.

Você é T. Harv Eker? Não.

Então suas necessidades devem ser diferentes, certo? Mesmo porque, seus objetivos também devem ser. Você pode, por exemplo, considerar uma quantia muito grande poupar 10% do seu salário para um determinado objetivo. Ou muito pequena. Você pode ter muitos filhos para sustentar. Ou nenhum. Isso faz com que sua tabela seja mesmo diferente das dos outros e isso se dá pela feliz razão de que você pensa com a própria cabeça – assim espero.

Com base nesse mesmo conceito, lembremos que você não será o mesmo daqui a alguns anos e talvez sinta necessidade de alterar os valores de sua tabela, mesmo que eles estejam definidos em percentuais. Pense comigo: de repente, surge uma emergência qualquer que drena boa parte dos recursos. Se você insistir em manter aquela alta porcentagem de poupança eternamente, vai acabar passando necessidades no dia a dia.

Por outro lado, se a situação é inversa – você consegue poupar mais do que o estabelecido – aproveite. Quanto antes o dinheiro é poupado, muito mais juros ele rende ao decorrer do tempo e mais rapidamente ele se multiplica.

Novamente: o que vale é o conceito. Não importam quais sejam as suas porcentagens ou seus objetivos. Tenha em mente que a vida muda e o mundo muda. Amanhã ou depois você tem filhos, cachorro, parentes doentes. Mas também amanhã ou depois seu livro é publicado, você registra uma patente valiosa etc. Ou seja, ficar o resto da vida preso a um conjunto de porcentagens que você definiu quando tinha 20 anos não é uma coisa inteligente de se fazer.

Para ajudá-lo a pensar um pouco mais sobre porcentagens e sobre as diferenças entre as pessoas, citarei Bill Gates. Há algum tempo, ouvi que ele deixaria 95% de seu patrimônio para filantropia e fundações de pesquisa e só transmitiria os outros 5% aos herdeiros. Se você fosse herdeiro, reclamaria? Quem não gostaria de 5% do patrimônio de um Bill Gates? Mas, daí a dizer que a proporção ideal para todas as pessoas do mundo é gastar somente 5% e doar 95% de tudo o que se ganha é uma total insanidade.

Adentraremos uma área agora onde todo cuidado é pouco. Lá atrás falamos da mudança e de sua inevitabilidade. Mas essa consciência de que a mudança é inevitável pode conter a semente de uma grande desgraça. Vejamos.

Lembre-se de que planos existem para serem seguidos. Uma coisa é você mudar suas porcentagens porque passou a ter um filho e deseja poupar menos para viagens, por exemplo, para poder dar ao seu filho tudo o que ele merece. Nesse caso, faz todo o sentido rever as porcentagens, pois você há de ter o filho por um bom tempo…

Mas são muito perigosos os pensamentos do tipo “ah, esse mês, só esse mês, vou gastar o dinheiro reservado à ampliação do meu conhecimento para comprar um som novo para o meu carro porque estou precisando…”. São perigosos porque se assim ocorreu em um mês, no outro ocorrerá de novo, e no outro você tirará da reserva para conquista da independência financeira, e no outro mês tirará novamente da reserva destinada à ampliação de seus conhecimentos, que sempre pode esperar mais um pouquinho…

Bem, se for para viver a vida assim, então não faça tabela alguma e não se preocupe com percentagens de seus gastos mensais. Ora, você não segue. Por que se preocupar?

Aos poucos vamos reunindo elementos que nos permitem identificar uma das maiores mazelas financeira da humanidade: as pessoas não sabem poupar.

Não é segredo para ninguém que ter o dinheiro necessário para realizar uma compra à vista pode lhe conceder vantagens e a mais clara delas é o desconto (possivelmente significativo) no preço. Já falamos um pouco sobre isso no tijolo custo, mas tudo tem uma causa e, nesse “causo”, a causa é essa: lei da oferta e da demanda.

Vamos analisar uma rápida sequência lógica. Pense comigo.

Uma pessoa não consegue poupar.

Se ela não consegue poupar, o dinheiro é um artigo que está sempre em falta para ela.

Como está sempre em falta, ela realizará sacrifícios para conseguir obtê- lo, pois precisa dele. Pois um desses sacrifícios é reduzir sua margem de ganho para agilizar o processo de obtenção do dinheiro.

Obs.: Perceba que por margem de ganho não estamos falando apenas de comerciantes, mas também de a pessoa aceitar um trabalho que pague muito pouco, mesmo não considerando justo, apenas por não ter a opção de continuar desempregado (pois não dispõe de alguma poupança).

É só isso. Simples assim. Pessoas não têm dinheiro e querem dinheiro; portanto, sacrificam-se por ele. E você, se tem o dinheiro, está do outro lado. Do lado da abundância. Do lado de quem tem o que oferecer e, por isso, tem também maior poder de negociação.

Sendo tão clara essa negligenciada vantagem, começamos a ver o valor – e, consequentemente, o imenso poder – desse nosso tão estimado tijolo: a disciplina.

Sim, porque essa é a única razão pela qual as pessoas não conseguem poupar. Elas não têm a disciplina que venceria qualquer apelo comercial, por mais incrível que possa parecer um novo modelo de celular ou de automóvel, ou por mais atrativos que possam parecer aqueles canais exclusivos da TV paga.

Já ouvi de muita gente que não poupa porque não lhe sobra dinheiro. Mas essa realidade só existe na cabeça delas. Na verdade, é uma falta de lógica das mais curiosas, porque em todas as faixas salariais você encontra pessoas com esse discurso. Ora, se uma pessoa vive com 800 reais e diz que não lhe sobra para poupar, é certo que sobraria se ela ganhasse mil. Pela minha singela matemática, sobrariam 200 reais.

Só que se você perguntar ao que ganha mil por que ele não poupa, vai ouvir a mesma resposta: não sobra. Bem, ele vive com mil, certo? Então, se vive com mil, é possível se viver com mil. E, se ganhasse 1200, sobraria. Mas aí você pergunta ao que ganha 1200… e por aí vai.

No final, tudo converge para isto: as pessoas não se esforçam para, conscientemente, viver abaixo do nível de renda que possuem, sendo que essa é a única forma de juntar dinheiro.

Como consegui perceber essa verdade bem cedo, durante toda a minha vida sempre tive facilidade para poupar. E a estratégia que utilizei foi muito simples: eu não ganho o que eu ganho. Eu minto para mim mesmo. Se ganho 3, digo a mim mesmo que ganho 2. Se ganho 10, digo que ganho 7.

Uma vez um amigo me perguntou por que eu queria juntar “tanto dinheiro”. Eu não soube nem como começar a resposta. Primeiro que não era “tanto dinheiro”, era algum. Segundo que a pessoa que me questionou não poupava nada. Qual seria seu referencial?

Mas o que espantou o meu amigo foi que eu estava vivenciando um plano para gastar ao longo de toda a vida, e não apenas no momento em que o dinheiro entra. Essa é uma ideia difícil para a maioria das pessoas.

Cabe aqui um importante esclarecimento. Em seus livros, Gustavo Cerbasi fala sobre o erro que é trocar o presente pelo futuro, e isso seria o que faz uma pessoa que poupa demais: para ter um montão de dinheiro no futuro, ela não compra uma roupa nova, não dá um presente para uma pessoa querida, não vai ao cinema etc.

O erro aqui está na falta de um velho conhecido nosso: o equilíbrio. E a ferramenta apresentada anteriormente (a divisão das despesas de acordo com percentuais) resolve isso de forma prática e definitiva.

Pense comigo. Se você separar um tanto para gastar com o momento presente, ou seja, para curtir a vida de uma maneira prazerosa, vai se sentir muito satisfeito com o quanto está poupando. A regra, como sempre, é não confundir as bolas. Jamais deve ser tirado do dinheiro da poupança para o futuro de longo prazo (independência financeira) o recurso necessário para uma viagem de lazer. Mas nunca, em nenhuma hipótese, você deve tirar da sua “provisão para curtição” com o objetivo de aumentar sua poupança. Se você é sensato, certamente já poupa uma quantidade adequada, sendo que o benefício agregado por aquela diminuta quantia desviada da sua provisão para curtição é incomparavelmente menor que a agressão à sua qualidade de vida no momento presente. Se você deseja poupar ainda mais, então talvez seja o caso de pensar em ganhar mais, não em viver menos.

Acredito que tocamos em pontos importantes nessa exploração inicial do tema. Podemos, então, passar aos itens sobre os quais vale a pena falar de forma mais específica – assim como fizemos nas outras pontas da Estrela.

Antes, porém, gostaria de compartilhar um último e vital pensamento.

Algumas pessoas consideram o dinheiro um mal, uma praga, o grande responsável por toda a infelicidade humana. Curiosamente, algumas pessoas o consideram exatamente o contrário de tudo isso.

Já li em mais de um lugar o que vou falar agora, e dito por autoridades no assunto, de forma que o afirmo com segurança: o dinheiro não muda as pessoas, ele as amplia. Ou, como diria o relato de um entrevistado de Thomas Stanley em seu livro A Mente Milionária, “o dinheiro não afeta todas as pessoas da mesma maneira.”.

É por isso que o dinheiro pode ser tudo de ruim ou tudo de bom, porque depende da pessoa. Lembre-se de que o dinheiro, por si só, não tem intenção. Dessa forma, ele também não tem interesses particulares, avareza, egoísmo, ganância, assim como não tem bondade, altruísmo e filantropia. Quem possui essas características são as pessoas e quanto mais dinheiro elas tiverem, tão mais facilmente demonstrarão essas características. Tanto as boas quanto as ruins.

Reflexão feita, vamos aos itens específicos: remuneração, competência, despesas, renda passiva, delegação e investimentos.

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