Os Tijolos - Família Lógica

Autoridade

1. Direito ou poder de se fazer obedecer, de dar ordens, de tomar decisões, de agir, etc.

2. Poder atribuído a alguém.

3. Influência, prestígio; crédito.

4. Indivíduo de competência indiscutível em determinado assunto.

Confiança

1. Crédito, fé.

2. Boa fama.

3. Segurança e bom conceito que inspiram as pessoas de probidade, talento, discrição, etc.

Que definição conveniente essa quarta, hein? Ajudar mais seria impossível. Veja: indivíduo de competência indiscutível em determinado assunto.

É ou não é nossa tão querida Única Condição?

Esses dois conceitos, autoridade e confiança, estão muito relacionados a dois outros tijolos: atitude e lógica.

Tanto a autoridade quanto a confiança são conquistadas de forma lenta. Querer apressar esse processo é um erro que pode colocar a perder o que já se tem, pois não há o que uma pessoa faça para inspirar confiança que também não possa inspirar desconfiança. Afinal, ver uma pessoa buscando excessivamente demonstrar que você pode confiar nela não o deixaria um pouco… desconfiado?

Em outras palavras, o processo precisa ocorrer de forma natural, pois são conquistas muito dependentes do tempo – um histórico de boas atitudes leva a uma maior confiança do que uma ação isolada.

A relação com a lógica também é vital. Naquele tijolo falávamos sobre a incapacidade de ser levado a sério aquele que não consegue ser lógico. Aqui, a situação é parecida – atitudes sem sentido não costumam inspirar confiança.

Obs.: É importante lembrar que estamos falando da confiança de uma pessoa em outra, não em si própria ou no futuro. Para não causar confusão, manteremos a confiança em si próprio ou no futuro dentro do conceito de otimismo, já visto anteriormente.

Outro fator influenciador destes tijolos gêmeos – autoridade e confiança – é o conhecimento. Talvez seja o maior influenciador, pois quando uma pessoa demonstra conhecimento de forma irretocável, a confiança e a autoridade surgem vigorosa e imediatamente.

Obs.: Cabe uma explicação. Há pouco falamos que é necessário tempo e, agora, dizemos que a autoridade surge imediatamente. Não há contradição. A autoridade realmente salta aos olhos quando o conhecimento é demonstrado de forma irretocável. Não esqueçamos, porém, quanto tempo foi necessário para acumular este conhecimento…

Sem atentar para isso, algumas pessoas cometem o erro de querer ter autoridade reconhecida sem demonstrar conhecimento que a inspire.

Historinha.

Durante um bom tempo, procurei convencer um amigo de infância de que ele não deveria buscar que os outros conferissem credibilidade ao que ele dizia. O que deveria fazer era estudar muito – e a credibilidade viria naturalmente.

Não há meios de dizer isso sem causar alguma mágoa, mas julguei que o correto era fazê-lo, pois me incomodava vê-lo sempre a reclamar que os outros não lhe davam crédito. E muito feliz fiquei no dia que uma situação prática reforçou de forma definitiva minha recomendação.

Havia um assunto em especial pelo qual ele se interessou demais durante um período. Praticamente tudo que ele fazia era buscar informação sobre esse tópico. Como eu não partilhava do mesmo interesse, muito menos com a mesma intensidade, poucas eram as oportunidades para conversarmos a respeito. Certo dia, porém, quando ocorreu de ele falar sobre vários pontos do assunto em questão, percebi-me completamente mudo – e aprendendo muito.

A autoridade havia, enfim, se estabelecido – pelo conhecimento – em uma pessoa que constantemente lamentava de não possuí-la.

A relação da autoridade com o conhecimento é tão poderosa que, como explicamos acima, parece desprezar o tempo. Se um total estranho lhe disser umas três ou quatro coisas cheias de sentido uma em seguida da outra, grandes são as chances de você confiar nele e de nele reconhecer autoridade.

Mas há ainda outro fator muito interessante que contribui para o estabelecimento da confiança a despeito do tempo, que é sua capacidade de transferência. Ainda que você não conheça uma pessoa, se alguém de muita confiança sua lhe garantir que pode confiar nela, você confiará.

Isso acontece, de forma semelhante, quando um médico que você nunca viu na vida lhe apresenta um diagnóstico. Você confia em seu parecer ao saber que ele é um profissional renomado com trinta anos de experiência em sua área. Apesar de não ter sido a você que ele demonstrou competência nesses trinta anos, ele a demonstrou a tanta gente que, por transferência, você é capaz de reconhecer nele uma autoridade, podendo, portanto, confiar nele.

É bom atentar para a comunhão entre os tijolos autoridade-confiança e o tijolo responsabilidade. Lembre-se de que, quanto maior sua autoridade e maior a confiança que inspira nos outros, mais pessoas seguirão os seus passos, adotarão suas recomendações ou disseminarão suas ideias. É bom pensar um pouquinho a respeito da responsabilidade que se adquire ao longo desse processo.

Nunca é demais reforçar que a confiança é fruto da atitude. Sua integridade constrói sua autoridade e há pouco a ser feito para inspirar confiança a não ser colecionar atitudes que a inspirem. Não há dinheiro que possa comprá-la. Esse é um tijolo que se desenvolve quase que por si próprio.

É claro que, sabendo disso, você pode se preocupar em manter suas atitudes em conformidade com a correção, a precisão, a moral, a lógica etc. Talvez essa seja a única recomendação – além da busca por conhecimento – que se pode dar a uma pessoa desejosa de ampliar sua autoridade.

Ainda sobre esse item, é necessário fazer duas ponderações. A primeira é que você pode, por exemplo, questionar a autoridade do seu chefe, mesmo ele sendo um jovem de 25 anos, curto de inteligência, filho do dono da empresa: “Onde estaria a demonstração de conhecimento? Onde estaria a construção de um histórico ao longo do tempo?”.

Minha resposta é: autoridade imposta não é autoridade. Tanto não é, que acredito fortemente na seguinte situação: se um funcionário muito competente, desses que alcançaram a Única Condição, disser ao dono da empresa que seu filho mais atrapalha que ajuda, é possível que o funcionário seja mantido e o filho do dono seja dispensado.

Obs.: Para fazer o comentário acima, estou apostando na sanidade do dono da empresa, mas sei que isso nem sempre acontece. Se você, por exemplo, não vê a menor possibilidade dessa demonstração de imparcialidade onde você trabalha, não seria o caso de parar de reclamar do problema e tentar tomar alguma providência? Afinal, é você quem insiste em trabalhar em um local como esse, onde a competência não é a principal medida.

Por este último exemplo creio ter ficado claramente demonstrada a diferença de autoridade entre o funcionário competente (autoridade adquirida) e o filho do dono (autoridade imposta).

A segunda ponderação é sobre a autoridade nata, mencionada por Baltasar Gracián em A arte da prudência. Existem aquelas pessoas maravilhosas, cujas ideias parecem sempre boas, cujas piadas parecem sempre oportunas. Este tipo de autoridade figuraria mais adequadamente na família conteúdo, pois é uma característica do ser.

Se você é uma dessas pessoas, ótimo (aliás, será que poderia me passar seu e-mail?). Porém se você não é, saiba admirá-las e reconhecê-las sem tentar imitá-las, pois esse é um tipo de autoridade que não se pode desenvolver. É talento muito natural e que ainda se amplia com o tempo sem que a pessoa faça qualquer esforço, sendo impossível competir com tamanha vantagem.

A boa notícia, se você não é uma dessas pessoas, é que elas são poucas. Não são elas que o privarão de um lugar ao sol. Pelo contrário; elas poderão ajudá-lo sendo um próprio sol à parte.

Fica a recomendação-consolo: continue buscando autoridade através de suas atitudes ao longo do tempo. Lembre-se de que “forçar a barra” na conquista desse item fá-lo-á recuar em vez de avançar.

Obs.: O objetivo de usar uma atrevida mesóclise em um texto oficial foi atingido. Tentarei não fazer de novo, prometo…


Próximo Tijolo: Expressão.

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