Certeza

1. Conhecimento exato.

2. Convicção.

3. Filos. Forma de assentimento decorrente de conhecimento que pode ser demonstrado ou que é evidente, sendo, portanto, objetiva e subjetivamente suficiente.

Verdade

1. Conformidade com o real; exatidão, realidade.

2. Coisa verdadeira ou certa.

Tenha sempre isso em mente: certeza é certeza.

Quantas vezes não presenciei situações embaraçosas onde pessoas diziam ter certeza de algo quando o que tinham, de fato, era uma sensação de grande probabilidade? Acredite, não é pouca diferença; na verdade, é o oposto, pois quem não tem certeza tem dúvida – não há meio termo.

Obs.: Creio podermos assumir certeza e verdade como sinônimos dentro do propósito de nossa discussão.

Se você reparar bem na terceira definição para certeza, verá que se trata de um conceito que demanda constatação, evidência, prova, demonstração. Isto nos convida a compará-lo com a ideia de crença ou opinião.

Aquilo em que você acredita, ou seja, a sua opinião, não é uma certeza. As pessoas tanto confundem certeza com opinião que precisaram cunhar a expressão certeza absoluta para tentar convencer de que esta, sim, é uma certeza realmente certa.

Uma das formas de se ampliar as chances de certeza é ser capaz de reproduzir uma situação e obter os mesmos resultados tantas quantas forem as repetições. Isso é o que a ciência faz. Ela observa, observa, observa. Tenta entender os mecanismos. Formula hipóteses e testa. E falha. Outra hipótese. Outra falha. E assim vai. Até que ela consegue conceber um modelo que funciona. Acabou? Não. Pode ter sido coincidência. Então ela aplica esse modelo à exaustão e, após ninguém mais aguentar de tanto repetir as experiências e obter sempre os mesmos resultados, passam a considerar aquele fato como científico, ou seja, uma certeza (e, ainda assim, de vez em quando, uma ou outra cai por terra).

E por que estamos falando tudo isso? Por que a falta de certeza, quando apresentada como certeza, pode comprometer muito do que vimos até aqui, em especial os itens autoridade e confiança.

Novamente, um exemplo médico. Você recebe um terrível diagnóstico: câncer. Pergunta ao médico se ele tem certeza. Ele diz que sim. Você resolve consultar outro profissional que lhe diz se tratar de outra moléstia, para a qual prescreve um medicamento simples. Feito um novo exame, o tal “câncer” não está mais lá.

Pergunto: quando é que você vai voltar ao primeiro médico?

Agora tome esse forte exemplo e faça uma boa analogia com a sua credibilidade dentro de seu trabalho na seguinte situação. Em uma reunião, você demonstra ter certeza de algo e essa sua certeza sugere providências em determinada direção. A empresa acata, investe tempo e dinheiro e, algum tempo depois, constata que sua certeza era falsa.

Ruim, né?

Tenha bastante cuidado ao lidar com certezas, tanto as suas quanto as dos outros. Lembre-se de que até nossos olhos nos enganam, ou estaria realmente voando sem o auxílio de equipamentos aquele mágico no palco?

Vai aqui um artifício maligno: se você não pode demonstrar a certeza que diz ter, procure, ao menos, sugerir certeza somente daquilo cujo contrário não pode ser demonstrado. Por exemplo, você pode não conseguir provar a existência de Deus, mas é cômodo dizer “eu tenho certeza que Deus existe” simplesmente porque ninguém consegue provar o contrário.

Fora, porém, de situações simples como esta, procure fugir de todas as palavras extremistas ligadas à ideia de uma certeza absoluta, tais como sempre, nunca, impossível, todos, ninguém, e seus equivalentes, pois pouquíssimas são as coisas absolutas neste mundo. Será sempre (ops) impossível (ops) ter conhecimento que abarque todas as possibilidades imagináveis – e ser desmentido é algo muito ruim para a sua credibilidade.

Para não deixar de engendrar nossa bela corrente, convido-o a perceber que maiores são as chances de certeza quanto mais claras forem as definições. E isso só amplia a consciência e a percepção da realidade.

Só cuidado para não considerar que ter certeza é tudo na vida. Pelo contrário. Muitas são as ocasiões em que a confissão de desconhecer isso ou aquilo gera muito mais resultados do que a tentativa de simular o conhecimento. A honestidade e a humildade ainda são artigos bastante apreciados neste mundo.

Próximo Tijolo: Inação.

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