Concentração

1. Ato ou efeito de concentrar(-se).

Concentrar-se:

1. Aplicar a atenção a algum assunto; absorver-se.

Você nem sequer percebe duzentas e vinte descargas elétricas de um volt cada uma. Mas não vai querer experimentar o contato com os 220 volts de uma só vez, vai?

Registremos aqui, para podermos iniciar o tema, o oposto de concentração: dispersão.

A concentração permite ampliar o resultado de qualquer tarefa por dois motivos: quantidade de tempo e qualidade de tempo.

A quantidade é muito simples de entender. Se você se concentra em uma atividade, permanece mais horas realizando essa atividade. Mais farinha, mais bolo.

A qualidade já é mais sutil. Enquanto algumas tarefas são repetitivas – como apertar sempre um mesmo parafuso em uma linha de montagem – outras são encadeadas. Isso ocorre quando a tarefa anterior é pressuposto da tarefa seguinte. Assim, quanto mais tempo você passa realizando uma atividade, mais chega à tarefa seguinte com a tarefa anterior ainda “fresca” na memória, o que permite muito maior aproveitamento.

Por outro lado, se você interromper – dispersar – sua atenção, quando retomar o processo precisará de um tempo para resgatar os elementos da última etapa concluída. Esse tempo de recapitulação não é perdido por aquele que se concentra. E no fim da jornada, muito tempo e muita energia terão sido poupados.

Sun Tzu, em A Arte da Guerra, cita como a concentração é vital para um confronto militar, sendo a dispersão causa frequente da derrota de forças nitidamente superiores.

É como se você tivesse um confronto entre dois exércitos igualmente treinados, um com dez mil homens e outro com apenas cinco mil. Podemos arriscar que será vitorioso o que tem maior número de homens.

Mas considere a seguinte possibilidade. Enquanto o menor exército já se encontra totalmente reunido no local do combate, o outro vai se apresentando aos poucos, recebendo divisões de mil homens a cada dois dias até estar completo. As batalhas travadas ao longo desse período acabarão por dizimar todos os homens do grande exército, mostrando que a concentração permite a vitória do menor sobre o maior.

O que se aplica às estratégias militares se aplica também à vida cotidiana. Estudar para o vestibular, ganhar uma concorrência, aprender um idioma, tudo é beneficiado pela concentração. Quanto mais concentrado você é na atividade, mais chances tem de realizá-la com êxito.

Lembrete: tentações surgirão, e todas elas o convidarão à dispersão. Você está estudando e aparecem as festas, muitas festas. Você está produzindo material para uma concorrência visando um cliente novo e aparecem urgências nos clientes atuais. Você está tentando aprender um idioma e aparecem dúzias de pessoas querendo conversar no idioma que você já conhece…

Só a disciplina pode salvá-lo dessas armadilhas, sendo o seu objetivo alcançado muito mais rapidamente, uma vez que é perseguido com concentração.

No âmbito profissional, o conceito de concentração se transfigura na especificidade.  Tente encontrar uma autoridade em uma área que também seja autoridade em outras vinte: não encontrará. Você pode achar o melhor físico do mundo que também toca saxofone muito bem. Mas o melhor físico do mundo e o melhor saxofonista do mundo dificilmente serão a mesma pessoa.

Juntando tudo: a concentração leva à especificidade, que leva à excelência, que leva à referência. Uma pessoa facilmente se torna referência quando se concentra em uma atividade.

Em seu método Simpleology, Mark Joyner bem demonstra a importância da concentração quando expõe o que são, na opinião dele, as duas perguntas mais importantes que você deve fazer a si próprio:

1. Você escolheria agir de modo a se aproximar ou se afastar do seu objetivo?
2. Você tomaria decisões de modo a fortalecer ou enfraquecer o seu poder?

Não é difícil perceber que, quando nos concentramos, mais nos aproximamos de nossos objetivos, bem como também fortalecemos nosso poder.

Mais à frente falaremos sobre como a concentração pode beneficiar três importantes áreas da sua vida: saúde, tempo e dinheiro.

Um esclarecimento-exemplo é importante aqui, pois disciplina e concentração podem se confundir. Apesar de você poder usar os termos concentração ou disciplina para descrever um aluno aplicado, por exemplo, isso não faz deles perfeitos sinônimos, pois os termos não possuem apenas essa acepção. E quem nos auxilia a perceber a diferença é um elemento simples: o fator tempo.

A disciplina é sempre uma forma de concentração: concentração ao longo de um determinado período de tempo. Mas a concentração, em si, não é, necessariamente, disciplina, pois pode se dar apenas no espaço, ou seja, em uma atitude pontual.

Por exemplo, quando você, em vez de montar uma carteira diversificada, compra ações de uma única empresa visando ampliar seus ganhos (claro, se estas ações subirem), está demonstrando concentração, embora isso não tem nada a ver com disciplina.

E, se para ser um bom pedreiro temos que bem assentar os tijolos, vamos a mais um pouco de argamassa: se o esforço é a quantidade, a disciplina e a concentração são a qualidade.

Consegue visualizar essa relação?

Próximo Tijolo: Otimismo.

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