Saúde (p. 3)

Sono

Prometo ser ainda mais breve neste item, não porque o assunto seja menos importante, mas porque ele é ainda mais específico e eu tenho respeito pela sua paciência.

Vejamos: você passa um terço da sua vida dormindo. É mais que o tempo que passa comendo… Porém, muitas pessoas não destinam tanto tempo quanto deveriam ao sono. Pior: não sabem qual a serventia dessa grande “perda de tempo”. Pois deveriam estudar melhor a questão.

Quando você começa a pesquisar esse tema, descobre uma série de coisas muito interessantes. Uma delas é que, durante o período em que você esteve dormindo, uma parte do tempo foi muito melhor utilizada do que a outra.

Mas por quê?

Porque o sono serve, entre outras coisas, para a recuperação da sua estrutura, mas a recuperação que conta de verdade é a que acontece em um nível profundo de sono. Até você atingir esse nível, as vantagens para o seu corpo são menores.

Sem saber disso, as pessoas apenas contam as horas que passaram dormindo e, por isso, não entendem por que já aconteceu de, em uma dada ocasião, dormirem durante nove horas e continuarem cansadas durante todo o dia seguinte e, em outra ocasião, dormirem como uma pedra durante apenas cinco horas e se sentirem cheias de energia ao acordar. É provável que a quantidade de sono profundo e restaurador tenha sido maior. E isso nos leva a algumas considerações.

Você já percebeu que lavradores, pedreiros, jardineiros, em geral, não têm problemas de sono? E já percebeu o quanto eles “pegam pesado”?

Por outro lado, já viu a vida de intelectuais, empresários e do pessoalzinho do escritório, que passa o dia inteiro “na boa”? Constantemente reclamam que não dormiram bem.

Existem dois componentes básicos deste fenômeno: estresse e cansaço. A preocupação tira o sono mesmo e é normal que empresários tenham mais preocupações que jardineiros.

Por outro lado, o cansaço dá sono. Estou falando do cansaço físico, porque o cansaço mental só dá mais preocupação.

– Álvaro, não pretendo largar o meu emprego no escritório para plantar batatas…

Obviamente, não se trata disso. Com um pouco mais de criatividade e menos impertinência, você poderá ter o melhor dos dois mundos. A renda alta proporcionada pela vida intelectual da cidade você já tem (se pensa que sua renda é baixa, lembre-se de que eu a estou comparando à de um jardineiro).

O que lhe falta, então? O cansaço.

Ah, mas você vai dizer que já se cansa muito. E eu serei obrigado a convidá-lo para a manutenção de mil metros quadrados de quintal debaixo do sol para convencê-lo de que está equivocado. Veja bem, eu não quero ser chato. Mas já vimos que ter consciência da realidade é algo muito importante (e os tijolos começam a ser usados). Talvez cansaço não seja exatamente o que você sinta.

Lembre-se de quando era criança. Sim, você tinha menos preocupações, o que ajudava bastante. Mas também fazia uma quantidade de exercícios incomparavelmente maior que a de hoje. O segredo, pois é um só: fazer exercícios.

Se você duvida, faça a experiência. Pegue um sábado (supondo que o domingo seja um dia que você possa dormir o quanto quiser) e faça atividades físicas durante o dia, caminhando uns seis quilômetros já pela manhã (é caminhada só, não é para correr que nem louco). Depois, vá a uma academia e levante uns pesos. Não precisa ser sócio para fazer o teste. Encontre uma academia que lhe permita pagar para usar somente aquele dia.

Obs.: Em Caxambu, cidade de trinta mil habitantes do sul de Minas Gerais, eu sei que existe uma academia que permite esse tipo de acordo. Provavelmente na sua cidade deve haver algo semelhante.

Lembre-se, é apenas uma experiência para que você possa se convencer do quanto isso é importante.

À tarde, se você aguentar, programe uma volta de bicicleta. Veja, se fosse para ser romântico, eu proporia uma ida a um restaurante. Não é para passear de bicicleta com flores na cestinha. É para pedalar mesmo. Escolha o caminho com mais subidas. E, por favor, não ultrapasse seus limites.

Ainda que você tenha tirado um cochilo depois do almoço – o que, em circunstâncias normais de vida sedentária comprometeria definitivamente o seu sono da noite – você dormirá como uma criança.

E não venha me culpar porque ficou o domingo inteiro e também a segunda-feira com dores no corpo. Isso não está acontecendo porque você se exercitou no sábado, mas porque não se exercita nunca. Tão logo fizer do exercício físico um hábito, essas duras dores duradouras não mais farão parte do pacote – e seu sono vai melhorar, melhorando, portanto, a reconstrução do seu organismo, o que faz de você uma pessoa mais saudável e potencialmente muito mais feliz. Viu? Um benefício simples com uma medida simples.

Obs.: Não havia qualquer necessidade do “duras dores duradouras”, mas o trocadilho me ocorreu na revisão final do texto e eu me afeiçoei a ele. Mas não é para se matar nem para só fazer isso da vida. É apenas para ter um pouco de disciplina e força de vontade. Se, diariamente, você dedicar aos exercícios metade do tempo que algumas pessoas dedicam ao Facebook, talvez até se transforme em um atleta olímpico…

E sinto que invadimos o tópico seguinte.

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