Enciclopédia Viva

» Como usar um Post-it e um iPhone para parecer tão esperto quanto os inventores dessas duas coisas.

 

Foi prometido um caso real indicando a aplicação da ferramenta apresentada na última edição do Amplinews (#8 – Amostra Valiosa).

Promessa é dívida e aqui estamos para honrar nossos compromissos.

Retomando a ideia lá apresentada, falávamos sobre um pequeno truque para que as pessoas percebam que você possui um vasto conhecimento.

Esse truque se apoia neste conceito amplitudiano: o conhecimento pode ser não apenas vertical (profundo e específico), mas também horizontal (raso e generalista) e este último pode ser intensamente usado a favor da sua imagem.


“Quando o assunto é impactar, a chave não é ser necessariamente profundo, mas interessante.”


Observando que o trabalho de alguns consultores era dar palpites na vida dos outros, concluí que eu também poderia ser consultor, afinal, sempre palpitei em tudo – tendo perdido alguns amigos por isso, inclusive (e, agora, perdi o respeito de alguns consultores também).

Munido dessa frágil e autoconcedida certificação em consultoria, pus-me, certa vez, a auxiliar um jovem pré-universitário em suas escolhas profissionais.

O caso não era dos mais fáceis, pois a resposta à minha pergunta de qual profissão ele tinha intenção de seguir foi: “Não faço a menor ideia”.

A longa conversa, então, se deu a respeito de questões básicas e comuns a qualquer escolha profissional, como o pensamento orientado para o longo prazo, o balanceamento entre a remuneração e o bem-estar proporcionados pela atividade etc.

Não faltou, é claro, entre minhas recomendações, o pedido de especial atenção ao nível de liberdade no trabalho a ser desfrutado pelo jovem de acordo com a escolha que viesse a fazer.

Juro que não foi intencional, pois não havia necessidade de oferecer “amostras valiosas” nesse caso. Eu não estaria sendo avaliado e não precisava vender meu peixe. Não nesse caso. Mas veja só o que aconteceu.

Após um certo tanto de conversa, mencionei que o Post-It (aquele papelzinho amarelo colante-descolante) nasceu de um erro de projeto de cola da 3M. Mencionei também que Steve Jobs, da Apple, na reunião que criou o iPhone, chegou com um pedaço de vidro, colocou sobre a mesa e disse: “Isso será o próximo celular”.

O jovem, então, me perguntou como eu sabia de tudo aquilo expressando uma espécie de deslumbramento, como se eu soubesse de tudo sobre tudo.

Em resposta, eu disse algo sobre ter tido mais tempo que ele para ler e pesquisar e também que, naturalmente, com o passar dos anos, ele poderia chegar ao mesmo ponto que eu e mesmo ultrapassá-lo com facilidade.

Tudo isso é verdade. Apesar da existência do truque (repito: não intencional), essa realmente era a minha opinião.

O detalhe é que eu não sabia absolutamente mais nada sobre o Post-It, a 3M o Steve Jobs ou a Apple. Eu só sabia esses pequenos fatos muito interessantes mas, por causa deles, imagino quanto conhecimento meu jovem interlocutor pensa, até hoje, que eu possuo sobre esses diversos assuntos do mundo.

Disso podemos tirar uma conclusão simples quando o assunto é impactar: a chave não é ser necessariamente profundo, mas interessante.

Não fosse isso verdade o Facebook não teria tanto acesso.

Houve gente que até institucionalizou essa estratégia em livro. Os autores Noah D. Oppenheim e David S. Kidder criaram o Livro do Sabe-tudo, com 365 assuntos do tipo “ganha atenção em uma conversa de bar” sem, no entanto, dedicar a cada um deles mais que meia página.

Acuse-me de pilantra pelos meus truques, se quiser, mas pelo menos eu não sou o único.

Aliás, se você for mesmo aderir à pilantragem, não me venha envergonhar nossa “catiguria”. Varie suas fontes de “coisas interessantes do mundo”. Por exemplo, não vá comprar o livro acima pensando que está pronto para a batalha e passar pela constrangedora situação de, ao mencionar uma de suas historietas diárias, ser interpelado com a seguinte indagação desconfortável: “Ah, você leu isso no livro do sabe-tudo, não leu?”.

Esteja esperto para não ser pego na traquinagem. E, quando começar a achar que apenas essa superficialidade não o satisfaz, então terá chegado a hora de falarmos sobre conhecimento de verdade.

Mas só no próximo Amplinews.

 

À sua liberdade,

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