» Como transformar o estado de Pernambuco na décima segunda economia do mundo em apenas 40 anos.
Calma lá. Do jeito que eu falei sobre o truque do conhecimento horizontal nos últimos Amplinews (#8 e #9) parece que só isso importa. Não é verdade.
Uma artimanha para causar uma boa impressão nos primeiros 5 minutos de conversa não vai resolver os problemas de toda a sua vida – que durará mais que isso, imagino.
Ou seja, não há escapatória. Conforme o diálogo avança, você precisa ter mais a oferecer.
E só há um meio de conseguir essa vantagem – que, a propósito, é o principal pilar para se obter mais liberdade no trabalho. Você precisa fazer exatamente o que fez a Coreia do Sul: você precisa estudar.
“O estudo, e não a extensão territorial, é o grande motor do progresso dos países.”
Já ouviu falar do TED? É um site com diversas palestras interessantes. Interessantíssimas, para falar a verdade.
Em uma delas, o alemão Andreas Schleicher faz uma comparação entre a situação da política educacional e o desenvolvimento econômico de países dos cinco continentes tomando por base alguns indicadores internacionalmente aceitos.
A palestra tem 20 minutos, mas você não precisa assistir mais que noventa segundos para se convencer de que a educação é o verdadeiro caminho para o progresso.
Logo neste início, o senhor Schleicher exibe um gráfico bastante autoexplicativo, e eu farei o meu melhor para transcrever aqui um pouco do conteúdo. Sorte minha a palestra estar em inglês, não em alemão.
O Brasil aparece em último (37o) dentro da amostra do gráfico que exibe o nível de educação nos anos 60, especificamente em relação ao percentual da população que completou o (hoje chamado de) ensino médio.
Nosso país não fica para sempre na lanterna, mas, ao menos nesta década, aparece atrás de alguns irmãos e vizinhos, como Portugal, México e Chile.
No mesmo período, figura como primeiro do ranking os Estados Unidos e o palestrante atribui muito do sucesso econômico desse país aos seus investimentos na educação.
Preste muita atenção na posição da Coreia: 29ª (no gráfico da palestra aparecerá a posição 27, mas se você contar as barrinhas, verá que alguém fez besteira).
Na década de 70 alguns países se mexem e algumas coisas se alteram, estando o Brasil à frente tanto de Portugal quanto do México, mas ainda bem atrás do Chile, que cresceu muito.
A partir dos anos 80 percebemos o crescimento mais acentuado de vários países, especialmente os europeus que habitavam a zona média do gráfico. Você perceberá, no entanto, que esta foi a grande década da Coreia.
Quando, enfim, chegamos ao ano de 1990 a situação já é bastante diferente da exibida inicialmente. Os Estados Unidos, mesmo crescendo em todas as décadas sem exceção, já não são mais os primeiros, ocupando agora apenas o 13º lugar.
Explicação simples: sim, cresceram, mas outros cresceram mais que eles. Alguns, muito mais.
A Coreia passa, então, a ser a nova líder do ranking, após uma bonita escalada, mostrando que o estudo, e não a extensão territorial, é o grande motor do progresso dos países.
Duas últimas informações da palestra farão você enxergar melhor a diferença entre o lá e o cá.
- Hoje, todos os jovens coreanos completam o ensino médio. Absolutamente todos.
- Na década de 60, a Coreia do Sul possuía o mesmo padrão de vida atualmente desfrutado pelo Afeganistão.
Atente para o fato de 40 anos poder parecer um grande tempo, mas, se pensamos na história de um país, não é nada. Estamos falando de pegar o Afeganistão do jeito que é hoje (ou Pernambuco?) e, em quatro décadas, entregar outra Coreia do Sul – com direito a Gangnam Style e tudo o mais.
Para encerrar com números precisos, eis o que temos:
– Pernambuco: 98.311 km2
– Coreia do Sul: 99.016 km2
Esses poucos quilômetros a mais, definitivamente, não podem ser os responsáveis pela superioridade educacional desse país asiático mais do que arretado.
À sua liberdade,
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