Os Tijolos - Família Atitude
Hábito
1. Disposição adquirida por atos reiterados.
2. Prática frequente; costume.
Se você não for uma freira, vai saber que não estamos falando da sua roupa, certo?
Comecemos por este importante esclarecimento: a palavra disposição na primeira definição não significa vigor ou entusiasmo, mas, apenas, a forma como algo está disposto; uma ordem, uma tendência.
Repare também na expressão atos reiterados, ou seja, repetidos – o que só reforça a segunda definição: prática frequente. O hábito é, portanto, uma ordem que se estabelece através de atos repetidos, pois o que constantemente se repete mais facilmente se consolida.
Não fosse o hábito algo realmente muito poderoso, a citação completa de Pascal não seria “O hábito é uma segunda natureza que destrói a primeira.”.
E se você absorveu bem nosso tijolo anterior, sabe o que permite o estabelecimento de um bom hábito: disciplina.
Obs.: Estamos falando em bom hábito porque esse é tão desejado quanto difícil de adquirir. Por alguma triste razão o mau hábito não demanda qualquer esforço ou disciplina para se estabelecer.
A vantagem do bom hábito é seu caráter de automatização da disciplina. Quando você percebe a necessidade de ser disciplinado – uma tarefa a cumprir, uma matéria a ser estudada para uma prova – você gasta muita energia vigiando a si próprio. O hábito, ocorrendo inconscientemente, nos exime deste trabalho. Basta comparar duas pessoas dirigindo, uma que o fez por décadas e outra recém-habilitada, para ver a diferença de consumo de energia de cada um.
O hábito ainda auxilia drasticamente na diminuição das falhas, pois a automatização de uma tarefa transfere para o corpo o que antes era trabalho da tão sobrecarregada mente.
Lembremos que, à época das cavernas, nossa mente quase não tinha ocupação, enquanto nosso corpo trabalhava a todo momento. Hoje em dia, porém, as facilidades disponíveis ao nosso corpo (conforto) são muito maiores, bem como são maiores as preocupações de nossa mente. Isso nos proporciona mais reservas a serem utilizadas pelo corpo que pela mente e, portanto, qualquer “transferência de responsabilidade” nesse sentido – da mente para o corpo – costuma aliviar o nosso cotidiano.
Podemos finalizar com um poema sem título?
Eu sou sua constante companhia.
Sou quem mais o auxilia ou sou sua carga mais pesada.
Eu o impulsionarei ao progresso ou o arrastarei ao fracasso.
Estou completamente ao seu comando.
Metade das coisas que você faz, poderia passar
para mim e eu as faria rápida e corretamente.
Sou fácil de lidar – você precisa ser firme comigo.
Mostre-me exatamente como você quer que algo seja
feito e, em poucas lições, eu o farei automaticamente.
Sou quem serve de auxílio aos grandes e, infelizmente,
a todos os fracassos também.
Aqueles que são grandes, eu os fiz grandes.
Aqueles que fracassaram, eu os fiz fracassar.
Não sou uma máquina embora trabalhe com a precisão de
uma máquina – adicionada à inteligência de uma pessoa.
Você pode me utilizar para o proveito ou
para a ruína – a mim, não faz diferença.
Pegue-me, treine-me, seja firme comigo
e eu colocarei o mundo aos seus pés.
Seja frouxo comigo e eu o destruirei.
Quem sou eu?
Eu sou o Hábito.
Próximo Tijolo: Concentração.
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