» Como transmitir uma imagem de cultura e inteligência sem parecer que você se considera o último dos biscoitos.

Você é muito bom no que faz (quero crer).

Agora, imagine-se iniciando uma conversa já deixando bem claro para a outra pessoa que você é muito bom.

– Álvaro, você não disse que era sem arrogância?

Sim, eu disse. E será.

Mais uma vez, o segredo está na forma, na maneira, no modo. Você não vai, é claro, ficar se gabando de suas competências. Mas, garanto, a pessoa perceberá.

– E de que forma, de que maneira, de que modo?

Fazendo exatamente o que acabou de fazer: perguntando. Mas não desse jeito afobado. Há de se prezar pela técnica e pela sutileza.

“Sabendo fazer perguntas, você causa uma ótima impressão sem parecer que está tentando fazer isso.”

Se você dominar a arte de fazer perguntas, conseguirá causar a melhor impressão possível sem parecer que está tentando fazer isso.

Você deve se lembrar quando, em uma edição passada do Amplinews, dissemos isso: comanda a conversa quem faz as perguntas, não quem dá as respostas.

Pois continua valendo. Embora, àquele momento, estávamos enaltecendo as vantagens de se possuir uma boa habilidade em expressão – e, especialmente, como isso pode resultar em mais liberdade no trabalho – essa não é uma vantagem isolada.

Fazer as perguntas certas é uma ferramenta muito valiosa a serviço da imagem de competência que você, certamente, deseja transmitir aos outros.

E não sou o único a pensar assim, como você pode ver.

Na Biblioteca Áurea – patrimônio do Amplitudo e, um dia, da humanidade – há diversos livros muito interessantes. Um deles se chama A Arte de Influenciar Pessoas, de Jo Owen.

Veja que simples constatação encontramos à página 131: “Boas perguntas demonstram qualificação.”.

Agora procure se lembrar de quando conversou com uma pessoa genuinamente interessada. Além de olhar atentamente e de concordar com a cabeça, é muito provável que ela lhe fizesse algumas perguntas de vez em quando.

Afirmo com segurança que, se entre estas perguntas houvesse uma que refletisse exatamente o seu ponto de vista antes mesmo de você tê-lo apresentado, você iria considerar o seu interlocutor um gênio. Ora, é claro, se ele concorda com você…

– E como eu vou saber o ponto de vista de uma pessoa antes de ele me ser apresentado?

Calma. Esse é o máximo do desempenho nessa habilidade, pois tudo acontece muito rapidamente nesse nível, o que nos leva a deixar esse papo para outra ocasião. Mas podemos colher benefícios muito antes disso. Voltemos para onde estávamos.

Se você for professor (ou equivalente), perceberá o efeito dos bons questionamentos. Sim, haverá alunos absolutamente desinteressados, como sempre, mas também haverá os que fazem perguntas inteligentes. E, naturalmente, serão estes últimos que você vai recomendar aos seus amigos, todos possíveis empregadores.

Bem, para causar essa mesma boa impressão do aluno aplicado, basta inverter os papéis, fazendo você as perguntas inteligentes e, demonstrando, assim, uma grande bagagem de conhecimento sem parecer petulante pois, sob a ótica do seu interlocutor, você está apenas muito interessado na conversa. Mas, sob a sua atenta ótica amplitudiana, você sabe que está, na verdade, se aproveitando da oportunidade para vender o seu peixe.

Sem dúvida, ao fazer uma pergunta inteligente, você causa sensações no seu ouvinte, especialmente se ele está acostumado a ouvir muita besteira por aí. E ele está, tenho certeza.

Essas sensações podem ser todas resumidas da seguinte forma: “Hum… esse cara é esperto.”.

Variações para esperto são inteligente, culto, e até mesmo aquele adjetivo pouco formal de quatro letras que começa com F e termina com A (se você pensou em “FERA”, acertou).

– E haveria alguma recomendação para a elaboração dessas perguntas?

Sim, há várias. Só não há mais espaço, de forma que fica para a próxima.

Dica: tem a ver com âncoras.

À sua liberdade,

Álvaro Nascimento Vieira

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