A Estrela (p. 2)

HISTORINHA

Poucas são as coisas verdadeiramente gratuitas na vida. Em geral, para obter algo, você precisa oferecer algo.

Pede repetição, com destaque:

Poucas são as coisas verdadeiramente gratuitas na vida. Em geral, para obter algo, você precisa oferecer algo.

– Álvaro, você havia dito que o conteúdo do Amplitudo era gratuito. Que conversa é essa agora?

Calma. Continuo sustentando a gratuidade. Falo, aqui, de uma ideia mais abrangente que você assimilará em instantes.

Aliás, sugiro atenção redobrada. Esta ideia é o conceito-chave para a boa utilização da Estrela e estará sempre presente de agora em diante.

Vamos voltar ao tempo de escola e observar a vida de dois garotos. Para facilitar, daremos nomes fictícios a eles: José e João.

José é do tipo estudioso, tira boas notas, orgulho da mamãe e do papai. Não raro, é citado publicamente pelos professores quando esses desejam sugerir um exemplo de conduta aos demais alunos.

Obs.: Se as professoras fossem um pouco mais conscientes, jamais fariam isso, pois saberiam que, ao fazê-lo, mais ampliam as chances de outros alunos baterem no José do que de seguirem seu exemplo.

José também é um pouco introvertido. Não é raquítico, mas tem físico pouco desenvolvido, possui poucas habilidades nos esportes e, desnecessário dizer, não tem muito jeito com as garotas.

Por outro lado, João é mais enturmado. Não é um repetente recorrente, mas também não dá tanta importância aos estudos e passa “raspando” quase sempre.

Ao contrário de José, João possui boas qualidades na quadra, sendo sempre o primeiro escolhido na hora de formar times. Tem físico bem desenvolvido e possui considerável prestígio entre as garotas.

Pergunto. Na sua opinião, quem leva a melhor vida? José ou João?

Pode haver uma enxurrada de argumentos a favor de um ou de outro e muitos estarão bem fundamentados. Há, no entanto, um fator determinante: José é bem mais consciente e orienta sua atitude para o longo prazo, pois cedo percebeu que o sucesso futuro é construído no presente.

E o tempo passou. Se observarmos as vidas de José e de João atualmente, ambos com 35 anos, perceberemos que José parece melhor que João em todos os sentidos. O desenvolvimento físico se igualou quando José pegou firme na academia e na natação. Como João nunca levou a sério a ideia de seguir carreira no esporte, esta sua habilidade de outrora hoje não serve para muita coisa e, conforme passar o tempo, servirá cada vez menos. Portanto, nesse quesito, se havia vantagem no passado, deixou de existir.

No meio do caminho, surgiu mais um fator: o dinheiro. Ambos perceberam que a vida adulta demanda alguma renda e José, que sempre se preparara para o futuro, não teve dificuldades neste ponto. Cedo alcançou a Única Condição e, a partir daí, a vida foi um mar de oportunidades.

Infelizmente, para João, as coisas não se mostraram tão interessantes e sua “dificuldade em apresentar consistência na geração de valor” o faziam pular de um emprego para o outro com muita frequência.

Para coroar o destino de José ele descolou uma esposa muito mais bonita que a de João. E a razão é simples: enquanto João fazia sucesso entre garotas de 13 anos, José pensava em fazer sucesso lá na frente, entre as mulheres maduras, quando ele teria que escolher alguém para ficar ao seu lado para o resto da vida. Ao perceber que as mulheres gostam, por exemplo, de segurança, José concluiu que ser uma pessoa bem resolvida e com boas bases intelectuais, morais e financeiras ampliaria suas chances de ser feliz na relação matrimonial que um dia teria. E não que a beleza seja a única coisa que conte, mas como José tinha mais a oferecer, tinha, também, mais liberdade para escolher.

Obs.: Mais a oferecer, mais para escolher… Nossa Única Condição se disfarça constantemente. Esteja atento.

O que esta história nos mostra é exatamente a frase que abre o capítulo: “Poucas são as coisas verdadeiramente gratuitas na vida. Em geral, para obter algo, você precisa oferecer algo.”.

Sem dúvida que, durante a fase de escola, uma análise superficial – aquela feita pelos colegas de sala – diria que João levava uma vida muito mais interessante. Uma análise mais profunda, no entanto – aquela feita por pais e professores – indicava que era José que estava, de fato, empregando melhor seus esforços.

Isso nos faz chegar a mais um conceito amplitudiano: o longo prazo recompensa quem no longo prazo pensa.

E você, como tem pensado? Quem seria o seu exemplo? José da Condição ou João da Rescisão?

 

CADASTRE-SE NO
AMPLINEWS