A Única Condição (p. 6)
HISTORINHA
O que poderiam possuir em comum uma agente de viagens, um médico meio tantã, um jogador de futebol, um astro da música e dois programadores de computador?
– Álvaro, você tem certeza de que não está se perdendo em devaneios? Cadê a tal Única Condição?
Bem, eu ia fazer uma pequena e útil digressão. Mas agora, por causa desse seu comentário, serei obrigado a fazer uma maior ainda.
Existe um conceito amplitudiano que lhe permitirá entender melhor a razão de tudo isso. Chama-se: objetivo-ponte.
Imagine-se na seguinte situação. Você não gosta muito de inglês, mas percebe que precisa aprender este idioma, pois deseja um cargo melhor na empresa onde trabalha – ou em qualquer outra – e o inglês é um pré-requisito para essa colocação. Na verdade, o que você quer é o dinheiro a mais que o novo cargo lhe proporcionará e este é, lá no final, o seu verdadeiro objetivo neste exemplo.
Observando atentamente, então, o seu objetivo primário é aprender inglês. Mas esse é, na verdade, apenas um objetivo-ponte para alcançar outro objetivo – o cargo. E o cargo, por sua vez, também é apenas uma ponte para a obtenção do outro objetivo – mais dinheiro – esse sim, seu verdadeiro objetivo desde o começo.
Estou certo de que você captou o simples conceito do objetivo-ponte. Essa compreensão vai, certamente, facilitar sua elaboração de planos no futuro.
Mas…
Não foi assim que seu cérebro pensou. Ele pensou tudo ao contrário, como em uma grande marcha a ré. Algo mais ou menos assim:
“Quero mais dinheiro!”
(recua um pouquinho)
“Existe um cargo mais alto que pode me dar mais dinheiro. Então… quero o cargo mais alto!”
(recua de novo)
“O cargo demanda bom conhecimento de inglês. Então… quero aprender inglês!”
E, então, você encontra o seu objetivo claro e definido de prazo imediato, que não é ganhar dinheiro, que não é o outro cargo, mas é aprender inglês. E isso porque você nem gostava muito de inglês.
Obs. 1: É interessante perceber que, na verdade, aprender inglês fará você gastar, ou seja, ter menos dinheiro em vez de mais (curto prazo). Porém, é muito fácil ver o dinheiro gasto se transformando em dinheiro ganho no médio-longo prazo.
Obs. 2: Essa forma reversa – “a marcha a ré” – como o seu cérebro processou os objetivos-ponte é, de uma forma muito semelhante, apresentada por Mark Joyner em seu ótimo curso chamado Simpleology. Procure pelo termo Backward Planner.
A vida, porém, não apresenta apenas situações fáceis de serem percebidas, como esta acima. E, como já falamos anteriormente, se você tiver mais percepção, conseguirá ver quando este mesmo modelo se apresentar disfarçado sob uma situação mais complexa (um número maior de passos intermediários, ou passos com divisões menos claras, ou interações simultâneas com outros objetivos ou tudo isso junto em uma grande salada).
Tudo vai ficar ainda mais bonito quando começarmos a relacionar essa ideia do planejamento reverso com os conceitos de ciclo e de ordem.
Apenas me justificando, a razão pela qual mencionei essa incrível e valiosa dupla (planejamento reverso e objetivo-ponte) antes de prosseguir com a historinha é que a Única Condição, a partir de agora, não poderá ser apenas uma ideia, mas, sim, um objetivo a ser alcançado.
Bem, se é um objetivo, precisa de um plano, pois será alcançado através de um processo. Se é um processo, ele possui etapas. Se são etapas, acontecem sucessivamente. E se são sucessivas, a primeira (finalizar a leitura desse texto) o levará à última.
Obs.: Andei uns dois quilômetros de marcha a ré agora, percebeu?
É por isso que não podemos querer atropelar as coisas. A última etapa é a que você almeja, é o seu objetivo final, a Única Condição para você ter independência – ou liberdade, como preferir – no seu trabalho. Só que, como acontece com qualquer outra situação na vida, tentar atingir um objetivo sem um plano é, quase sempre, inútil.
Para aumentar suas chances de chegar lá, fiz um planejamento reverso para lhe apresentar as etapas.
Lembre-se: seu objetivo não é começar o regime na segunda-feira e dar uma fraquejada na quinta porque pegou pesado demais com as restrições. Você precisa de disciplina para avançar, mas também precisa controlar a ansiedade para não estabelecer tarefas maiores que sua capacidade. Afinal, se você deseja construir algo sólido para a sua vida, o segredo é avançar um pouco de cada vez para que, uma vez tendo avançado, você não retroceda.
Posso voltar para a minha historinha agora? Então, vamos lá.
O que poderiam possuir em comum uma agente de viagens, um médico meio tantã, um jogador de futebol, um astro da música e dois programadores de computador?
Vai ficar mais claro quando você souber quem são eles.
A agente de viagens é uma pessoa que um dia foi minha sócia. É, eu sei, não adiantou de nada essa explicação.
O médico tantã é o senhor Gregory House, do seriado House. Quem nunca assistiu o seriado, ignore esse exemplo ou corra para o Netflix. Muito se aprende com essa verdadeira obra de arte da dramaturgia.
O jogador de futebol é o Romário no ano de 1994.
O astro da música é Michael Jackson, dos cinco aos cinquenta.
E os dois programadores, um trabalha comigo e o outro já trabalhou. Ambos conhecidos de longa data.
Você não é obrigado a conhecer a agente de viagens nem os dois programadores, mas é muito provável que conheça o médico House e definitivamente já ouviu falar sobre Michael Jackson ou sobre o jogador Romário.
E o que há de comum entre eles?
Resultados.
House tem que salvar vidas: ele salva. Michael Jackson tinha que ser o maior astro da música pop: ele era. Romário tinha que marcar gols: ele marcava.
E o que isso tem a ver com você? Bem, falamos agora há pouco sobre uma imensa e silenciosa mudança acontecendo nas regras de trabalho. Retomando: “estamos vivendo uma transição de uma economia baseada em tempo e esforço para uma economia baseada em resultados.”.
E quanto à agente de viagens e aos dois programadores que você nem sabe quem são?
Ocorre a mesma coisa.
A razão de eu os ter citado é você perceber que, para obter o que deseja, não é necessário ser um Michael Jackson ou ganhar uma Copa do Mundo. Estamos falando de uma condição disponível a todos.
Estamos falando de uma condição disponível a você.
Esses três profissionais com os quais tive ou tenho o privilégio de trabalhar (a agente de viagens e os programadores) são imbatíveis em relação aos resultados que geram. E o segredo é esse: quem é muito bom no que faz não apenas gera resultados para os outros, mas também obtém resultados para si.
Dissemos lá na introdução: a liberdade vem com a geração de valor. Quem vai querer perder uma pessoa que produz mais resultados que qualquer outra?
E a liberdade que esses profissionais conseguem em seus empregos completa nosso raciocínio e nos permite chegar, finalmente, ao conceito da Única Condição.
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