Autenticidade

1. Qualidade de autêntico.

Autêntico:

1. Que é do autor a quem se atribui.

2. Verdadeiro, real; genuíno, legítimo.

Você já se sentiu inadequado?

Já percebeu como alguns comportamentos funcionam para umas pessoas, mas não para outras?

Isso é bem visível em dois irmãos com boa diferença de idade vivendo a adolescência. Os costumes, as expressões e o jeito de se vestir do mais velho o identificam em meio a um grupo específico – seus amigos da escola, por exemplo.

Na tentativa de também fazer parte do grupo, o mais novo começa a se vestir da mesma forma e a adotar os mesmos hábitos, o que suscita algumas risadas (secretas) nos pais.

E por que os pais acham engraçado? Porque o filho, ao abandonar seu comportamento autêntico para imitar o de outra pessoa, está forçando participar de um grupo ao qual não pertence naturalmente.

Podemos, então, com segurança, considerar a cópia como o oposto de autenticidade.

Isso me lembra o relato de um professor da minha faculdade a respeito de seu colega, outro professor. Vamos, hipoteticamente, chamar esse outro professor de Paulo.

Em sua época de estudante, Paulo tivera um fantástico professor que dava aula com o auxílio de um boneco. Não chegava a ser um ventríloquo, mas o professor interagia muito com o boneco durante a aula e levava a sala ao delírio com suas graças.

Eis que, quando se tornou professor, o próprio Paulo decidiu fazer a mesma coisa: adotou um boneco para dar aulas junto com ele. E o que aconteceu? Um fiasco.

Seus alunos o consideravam um completo idiota e ele, sabiamente, abandonou o tal boneco, concluindo que aquilo poderia ter funcionado somente em sua época de estudante e que, de alguma forma, a percepção de humor dos estudantes teria se alterado naqueles anos.

Um dia, no entanto, Paulo teve a oportunidade de assistir a uma aula com o antigo professor e lá estava ele com o seu boneco. E a turma?

Delirando.

Conversando com o amigo (meu professor da faculdade) que também conhecia o tal professor do boneco, Paulo perguntou o que poderia estar acontecendo. A resposta foi simples, um pouco dura, mas honesta e esclarecedora: “Você não é ele.”.

Paulo aprendeu, neste dia, uma importante lição sobre a autenticidade: o que funciona para um pode não funcionar para outro.

Voltemos a observar as definições: que é do autor a quem se atribui; genuíno, legítimo. Paulo não estava sendo legítimo em seu estilo e isso dificultava sua interação com os alunos.

Não se trata, aqui, de condenar toda e qualquer cópia. Se fosse assim, só existiria um único palhaço bom: o primeiro. Todos os outros seriam artificiais por serem cópias. Mas não é disso que estamos falando.

O problema de Paulo é que aquilo não era natural. Ele queria ser um sucesso como seu antigo professor adotando a mesma prática, mas não se sentia à vontade ao fazer aquilo. Não era ele ali; era ele tentando ser seu antigo professor. E a classe percebia.

Você já reparou que existem pessoas cujos comportamentos são um tanto questionáveis, mas que, por serem tão naturais em sua conduta, são amadas e até admiradas pelos demais? Sabe aquele seu amigo meio estranho? É dele que estamos falando.

Ele vai a festas de aniversário e não leva presentes e, ainda assim, pode ser presença muito mais desejada do que aquela pessoa que, se não tiver comprado uma lembrancinha, prefere não ir por morrer de vergonha.

Ele também pode se vestir de um jeito ousado e bastante particular. Tente imitá-lo e veja a expressão no rosto dos seus amigos…

A pessoa autêntica pode fazer o que quiser pelo simples fato de estar sendo ela mesma. Não segue protocolos e não se preocupa muito com convenções da sociedade. Ela pode fazer o que quiser porque faz o que quer.

Irresistível essa frase, não?

Tente copiar a pessoa autêntica e você será tão agradável, original e surpreendente quanto aquele que, na festa de Natal, quando alguém apresenta um pavê como sobremesa, pergunta: “Mas é pavê ou pacomê?”.

Pense bem se esta é a pessoa que você quer ser.

Caso não se lembre, o pressuposto para alcançar a Única Condição é ser a melhor dentre as opções disponíveis. E a melhor opção é, necessariamente, uma opção diferente das outras.

Isso nos leva ao tijolo seguinte.

Próximo Tijolo: Diferenciação.

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