Os Tijolos - Família Conteúdo

Diferenciação

1. Ato ou efeito de diferenciar(-se).

Diferenciar-se:

1. Distinguir-se por alguma diferença.

Distinguir-se:

1. Salientar-se, sobressair-se; relevar-se, evidenciar-se.

Termine este tijolo pensando o que a raposa diria de você.

O oposto da diferenciação é o nivelamento. Veja bem: sobressair-se; evidenciar-se. Isso significa colocar-se acima da média, acima dos demais – um caminho certeiro e bem pavimentado para a Única Condição.

Cito um exemplo que também aprendi com um professor da faculdade. Dizia ele que, em jornalismo, para uma notícia vender, ela precisa ser, obrigatoriamente, nova. Parece óbvio, certo? Mas não é.

Curioso pensar que “notícia” em inglês é news, não acha?

Para ser novo é preciso distinguir-se, diferenciar-se. Imagine uma notícia falando sobre uma pessoa que faz a mesma coisa todos os dias; por exemplo, planta uma flor em um gramado público.

Da primeira vez, é notícia: “Uma senhora de 64 anos plantou, nesta manhã, uma flor na praça em frente à matriz…”

Da segunda vez… “Continua plantando uma flor todos os dias a senhora que planta uma flor todos os dias.” – isso não é mais notícia.

Até que, após certo tempo, ela atinge uma marca histórica. No dia em que ela plantou a 17.435ª flor, ela passou a ser a detentora do recorde mundial de “plantação de flores unitárias em gramados públicos por meios não mecanizados” (vai saber, tem recorde para tudo…).

Aí, nesse dia, temos notícia de novo.

E se ela continuar plantando e, ano a ano, mantiver seu recorde: “Continua sendo daquela senhora o recorde de…” – não é mais notícia.

Era disso que meu professor falava. Manchetes como “continua a caça aos bandidos”, “continua a busca por sobreviventes” não são notícias. Notícia será quando o bandido for, finalmente, pego, ou quando encontrarem uma criança sobrevivendo de água de esgoto nos escombros por vinte e cinco dias. Isso é notícia. Isso é o que vende. Isso é o que as pessoas querem. E por quê? Porque as pessoas apreciam a novidade. Como diria Mark Twain, “A familiaridade gera o desprezo.”. Esta é a razão pela qual a diferenciação é tão desejada.

Pensemos, então, que você tem uma empresa e sua empresa possui uma linha de produtos. Qual deve ser a sua preocupação? Seus produtos precisam se diferenciar dos demais para serem escolhidos em meio a uma oferta tão grande de alternativas.

Agora, imagine que você é o produto. Vamos lá, sem sentimentalismo bobo, afinal, o que você pensa que é quando uma empresa resolve lhe pagar um salário para trabalhar para ela? Você é um produto que a empresa está comprando. E por mais que você pense que ela não está pagando muito, ela sempre julga estar gastando demais com esse tipo de produto…

Desnecessário é dizer que, se os produtos precisam se diferenciar dos demais para serem escolhidos em meio a uma oferta tão grande de alternativas, você, sendo o produto, também precisa. A situação é exatamente a mesma: existem vários produtos (currículos) e o cliente (empresa contratante) precisa escolher um entre tão grande oferta.

Diz Joel Comm em Cash: “Somos responsáveis pela imagem que apresentamos aos ‘compradores’, independente de esses indivíduos serem empregadores ou clientes […] precisamos reconhecer as características que nos diferenciam e projetá-las para que sejamos instantaneamente reconhecidos e jamais esquecidos.”.

Uma das funções que realizei em minha vida profissional foi entrevistar candidatos para novas vagas. Quando de uma busca, certa vez, por estagiários para atendimento ao cliente (suporte técnico no uso de softwares), o desespero bateu. Parecia que nunca eu encontraria alguém que reunisse duas simples condições: ser jovem e saber falar.

E, então, de repente, surge um candidato que havia convidado o Google e a Microsoft para assistir o seu trabalho de conclusão de curso. Detalhe: ele tinha 18 anos e estava concluindo um curso técnico. Detalhe 2: ele não tinha o perfil de atendimento ao cliente, que era o que buscávamos, mas como programador, pelo currículo, parecia ter um futuro promissor. Pensei: “se ele tem a audácia de convidar o Google e a Microsoft para assistir a um TCC de um curso técnico, imagine o que não vai fazer aqui dentro da empresa?”.

Resumo: foi contratado. E nem era o que estávamos procurando.

E por que mesmo ele foi contratado? Porque, com sua atitude, ele se salientou, se sobressaiu, se relevou, se evidenciou. Enfim, se distinguiu dos demais, sendo um fortíssimo candidato, portanto, a alcançar a Única Condição.

Obs.: Esse profissional foi quem eu convidei para ser responsável por toda a parte técnica do Amplitudo. Trabalha o quanto quer, e na hora que deseja. Carteirinha vitalícia de Única Condição o rapaz…

Para tentar convencê-lo da importância da diferenciação na busca da Única Condição, fica aqui um pensamento, do ponto de vista de alguém que já contratou várias pessoas: se você é igual aos demais, quem deseja você deseja todos os outros com igual intensidade.

De brinde, segue este trecho do célebre diálogo entre a raposa e o menino, extraído de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry:

“Exatamente – disse a raposa – tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti.”


Próximo Tijolo: Referência.

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