Os Tijolos - Família Atitude

Esforço

1. Mobilização de forças, físicas, intelectuais ou morais, para vencer uma resistência, para atingir algum fim.

2. Vigor, energia, força, valor, ânimo.

3. Dificuldade.

Sem medo: o oposto de esforço é preguiça.

No tijolo oportunidade, falamos sobre a grande chance que tive de aprender inglês de graça com um americano que estava morando em minha cidade. Dissemos que o mais interessante seria contado agora. Infelizmente, o mais interessante é, também, o mais triste.

As aulas gratuitas não eram um privilégio meu. O americano se dispôs a fazer o mesmo, igualmente de graça, para todas as pessoas que quisessem, reunindo-se em um grupo semanal para treinarem a conversação e tirarem suas dúvidas. Muitas das pessoas viram a grande oportunidade de ali estarem, ampliando seus conhecimentos em uma língua muito útil e sem ter que pagar nada por isso. Algumas das pessoas, inclusive, realmente precisavam daquele reforço sob o risco de não sustentarem seus empregos ou coisa parecida.

Resumindo: as pessoas acharam tudo aquilo o máximo. Só havia um problema: elas não iam aos encontros.

Desde “trabalhei o dia inteiro e estou cansado”, até “mas hoje é o último capítulo da novela”, as pessoas tinham centenas de desculpas para não aproveitarem a oportunidade que elas mesmas consideravam imperdível.

Nem vou comentar aqui o fato de as pessoas, em geral, não darem valor ao que é gratuito, pois essa é uma das minhas maiores decepções com a humanidade. Muitas vezes, os mesmos que não dão valor ao que é de graça são os que pedem descontos nas lojas, ou que sugerem que as empresas onde trabalham as reembolsem por tudo. O ser humano é, mesmo, muito complicado. Disse que não comentaria, mas acabei comentando. Minhas desculpas.

Por essa história real percebe-se que um tijolo bem negligenciado pelas pessoas é o esforço. Se você estiver nesse momento em um local com mais pessoas, posso lançar um desafio. Nos próximos 30 minutos você verá alguém demonstrar que deseja algo, mas, ao mesmo tempo, não deseja se esforçar para consegui-lo. Vamos a algumas possibilidades:

Se você estiver no trabalho, alguém vai falar a respeito da máquina de café que foi colocada dez metros mais longe de onde ela ficava antes – porque a pessoa quer o café que a empresa fornece de graça, mas não quer andar até ele para pegá-lo.

Se for terça-feira, alguém dirá “bem que hoje poderia ser sexta” – porque ela quer o lazer do final de semana sem o trabalho dos dias úteis.

Se estiver em um supermercado (por que você estaria lendo esse texto em um supermercado?), verá pessoas próximas aos caixas contorcendo-se em angústia e iniciando a desanimada marcha de volta às prateleiras ao perceberem que se esqueceram de algum item – porque elas querem tudo plantado, cuidado e colhido sob um sol escaldante, depois beneficiado e enlatado em uma fábrica barulhenta, mas não querem andar até a prateleira no frescor do silencioso ar-condicionado do supermercado.

Muitas pessoas são assim. Talvez não saibam o quanto papai do céu fica feliz ao ver que estamos nos esforçando. Talvez nunca tenham refletido a respeito do sábio adágio: “O trabalho enobrece.”.

A vida não foi feita para ser só sofrimento, é claro. Mas a vida também não foi feita para ser um grande nada, onde nada acontece porque as pessoas não fazem nada além de… nada. As recompensas que a vida nos dá – e são muitas – só nos são dadas quando nos esforçamos.

Pablo Picasso uma vez disse: “A inspiração existe, mas é necessário que ela o encontre trabalhando.”.

No livro Outliers, Malcolm Gladwell menciona a filosofia dos rizicultores chineses: “Ninguém que em 360 dias do ano acorde antes do amanhecer deixa de enriquecer a família.”.

Temos até o popular ensinamento: “Só no dicionário o sucesso vem antes do trabalho.”.

Mas sempre há, é claro, a possibilidade de você continuar na total inatividade aguardando pelo seu grande momento de sorte. Bem, se esse for o caso, boa sorte…

Particularmente, gosto muito da imagem sugerida por Napoleon Hill sobre a relação do esforço com a oportunidade (grifo meu): “muitos jamais chegam a levantar suficientemente a cabeça para serem vistos pela oportunidade.”.

E nossos tijolos vão se encaixando, não é mesmo? Esforço e oportunidade juntos certamente produzem uma construção sólida.

* * *

Vamos agora, elevar o esforço à máxima potência. Vamos falar de persistência, que é o esforço continuado. A persistência é o reforço do esforço.

:-)

Você lerá exaustivamente a respeito da persistência nos livros sobre o sucesso, de forma que não faremos aqui mais do que uma ou outra consideração. Mas a verdade é que, em praticamente todas as situações da vida, a persistência determina o sucesso de uma empreitada, pois dificuldades sempre surgirão (veja a terceira definição para esforço: dificuldade). O esforço incansável – a persistência – é a única forma de vencer cada uma das dificuldades que se apresentarão no seu caminho.

Mas existe outra razão muito mais amplitudiana para a persistência que não essa aura de autoajuda do parágrafo anterior: as estatísticas.

No início do século passado, Napoleon Hill se envolveu em uma árdua tarefa que se transformou no trabalho de toda a sua vida. Durante vinte e cinco anos de pesquisas contínuas, ele entrevistou as pessoas mais ricas de seu país para saber a razão de seu sucesso.

Veja o seguinte trecho: “Mais de quinhentos homens disseram que o seu maior sucesso chegou logo após uma derrota.”.

Se mais de quinhentos homens – e eles eram os mais ricos – disseram que o sucesso veio logo após uma derrota, pergunto: na busca pelo sucesso, a persistência não é algo que, estatisticamente, parece fazer sentido?

O próprio Napoleon Hill considera as adversidades como bênçãos disfarçadas (grifo meu): “Este é um dos truques da oportunidade: ela tem o hábito de disfarçar-se, tomando a aparência de uma derrota temporária. Talvez seja por isso que muitos deixam de reconhecê-la. O fracasso é um embusteiro astucioso, com um aguçado senso de ironia. Sente prazer em fazer tropeçar quem está a um passo do sucesso.”.

Eu mesmo posso corroborar essa declaração. A história da maior adversidade financeira da minha vida foi, sem dúvida, uma grande bênção que eu só pude perceber algum tempo depois.

Após esta experiência pude compreender o que muitas pessoas de sucesso dizem: as adversidades servem apenas para nos testar, para verificar a capacidade que temos de perseverar, de sustentar a integridade mesmo nas maiores provações. Essa seleção natural através do esforço é uma das condições pelas quais alguns homens conseguem se elevar acima dos demais.

Vai aqui uma recomendação prática bem característica de um texto amplitudiano: para manter-se firme frente às dificuldades, esforçando-se incansavelmente, fique de olho no prêmio. Se você jamais desviar sua atenção da recompensa ao final, o esforço necessário lhe parecerá muito menor.

Por último, sugiro uma providência simples, prática e que funcionará como uma injeção de ânimo. Assista ao filme Door to Door (Porta a Porta). Este filme conta a história de um vendedor de produtos de limpeza que era portador de uma deficiência. Se depois disso você ainda tiver dificuldades em se esforçar para conseguir as coisas que deseja para a sua vida, é porque não viu o filme direito.

Assista-o novamente.


Próximo Tijolo: Controle.

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