Conteúdo

1. Aquilo que se contém nalguma coisa; contento.

2. Assunto.

Normalmente as pessoas pedem sanduíches com mais pão ou com mais recheio?

Há duas possibilidades para a ideia oposta a conteúdo – duas faces da mesma moeda. Uma é a óbvia falta de conteúdo. A outra, à qual vamos nos ater aqui, é a forma.

Quem dispõe de conteúdo está frequentemente desinteressado na forma, enquanto que, por outro lado, quem deseja disfarçar a falta de conteúdo costuma investir na forma, na imagem, na aparência.

Por isso a tendência à valorização da forma sobre o conteúdo é um caminho autossabotador. As pessoas acabam se prevenindo ao se depararem com uma forma muito bem trabalhada, permanecendo alertas para o momento onde a farsa – a total ausência de conteúdo – será revelada. Bem disse John Heider: “O estilo não substitui a essência.”.

Quanto ao conteúdo, se há, há. Não existe farsa. E, apesar de não ser uma obrigatoriedade, a presença do conteúdo está mais frequentemente ligada à presença de integridade, enquanto que a forma, à falta dela.

Lembre-se disso quando, mais à frente, falarmos sobre o tijolo utilidade, cuja ideia central é o conceito de valor. Apesar de não ter encontrado em minhas buscas pelos dicionários, acredito que valor também é uma excelente definição para conteúdo.

Deixo-o, por um breve momento, em companhia das palavras do grande Baltasar Gracián em A Arte da Prudência (grifos meus):

“Alguns sujeitos são fachadas só […]. Apresentam a entrada de um palácio, mas o interior de choça. Tais sujeitos não lhe oferecem um lugar onde parar […] pois, concluídas as primeiras saudações, a conversa se acaba. […] Tais pessoas enganam com facilidade aqueles que são também superficiais, mas não os perspicazes, que olham o seu íntimo e o encontram vazio.”

Vou aproximar duas ideias para ressaltarmos a relação entre elas: a segunda definição para conteúdo – assunto – e o trecho grifado acima – “concluídas as primeiras saudações, a conversa se acaba.”.

Você já deve ter tido a oportunidade de conversar com uma pessoa de conteúdo. Você também já deve ter tido – infelizmente – a oportunidade de conversar com uma pessoa sem conteúdo. E certamente percebeu a diferença no tocante à quantidade (volume e variedade) e à qualidade (precisão e pertinência) dos assuntos abordados.

Diz a lenda que quando Freud e Yung se conheceram, conversaram ininterruptamente por treze horas. Conteúdo, não?

E apesar de eu não gostar de chavões, não dá para escapar desse que, de tão usado, nem se pode mais precisar a autoria. Trata-se de uma daquelas frases que você sempre vê por aí na Internet, mas que é a mais pura verdade:

“Pessoas sábias falam sobre ideias; pessoas comuns falam sobre coisas; pessoas medíocres falam sobre pessoas.”

Sobre o quê você tem falado?

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