Observação

1. Ato ou efeito de observar.

Observar:

1. Examinar minuciosamente; olhar com atenção; estudar.

2. Atentar em; notar; verificar.

A observação é a matéria-prima para tudo.

Comecemos por bem observar este tijolo. Talvez o ideal fosse usar o termo percepção, pois é a capacidade de perceber que está sendo enaltecida aqui. Contudo, este termo poderia dar margem a uma interpretação por demais subjetiva – até mística – e isto não queremos.

Há também outra razão: como as pessoas são, em geral, bastante visuais, o termo observação é perfeitamente adequado, porquanto engloba, por extensão, todos os outros sentidos, ou seja, todas as maneiras de que dispomos para perceber.

Vejamos. Se você aprende um ofício, por exemplo, aprende ao observar aquele que já o exerce bem. Qualquer outra forma de aprendizado – livros, aulas, cursos, exemplos, lendas, fábulas – nada mais é do que uma observação indireta. Neste caso, é a observação da observação – a sua própria observação a partir da observação (vivência) alheia.

O postulado acima é a principal justificativa da aquisição de conhecimento por meio da leitura, devido às diversas vantagens que essa estratégia apresenta – em especial, a arrebatadora economia de tempo. Vejamos:

Você já parou para pensar no trabalho que dá escrever um livro com bom conteúdo? Já imaginou quantas horas, quantas privações e quantas concessões não foram necessárias para que um único livro fosse concluído e disponibilizado a você? Em geral, o autor sintetiza em uma obra a experiência que adquiriu ao longo de vários anos, talvez ao longo de toda a sua vida.

Agora imagine se, para adquirir a mesma experiência dos autores dos grandes livros, você também precisasse passar por tudo o que eles passaram. Seria, para resumir em uma só palavra, impossível.

Mas você não precisa. Algumas pessoas, em determinado momento da vida, decidem reunir a experiência que obtiveram ao longo de vários anos e, então, despendem várias horas para organizar essa experiência em palavras de forma a facilitar o seu acesso a tudo isso.

E a sua tarefa, qual é?

É ler. Só isso.

Não vejo como ler possa ser algo tão difícil. Um livro que você talvez leia em 20 horas pode ter sido produzido após 20.000 horas de esforço, desde a aquisição da experiência até a concepção do conteúdo e sua posterior organização.

Parece, então, que tarefa muito mais difícil que ler é produzir o que vai ser lido. E, para mim, tarefa ainda mais difícil é aceitar que as pessoas corriqueiramente desprezem tão notável vantagem. Estamos falando da possibilidade de obter conhecimento produzido por toda a humanidade nos últimos seis mil anos de história, conhecimento esse conquistado a partir de muito sofrimento e em épocas de muito mais dificuldades.

Um estudo organizado pelo Population Reference Bureau estimou quantas pessoas já teriam vivido na terra, desde sempre até 2002 (ano do estudo). O resultado é a impressionante marca de 106 bilhões de pessoas. E, considerando isso, pergunto: será tão difícil perceber a imensa vantagem de ter nascido depois de toda essa gente?

Mas eu consigo compreender que essa deficiência é, em parte, fruto da falta de observação. A maioria das pessoas não tem na observação um hábito. Não têm o costume, portanto, de observar como se conquista ou se deprecia a saúde, como se ofende ou se elogia uma pessoa, como se aproveita ou se desperdiça o tempo, como se ganha ou se perde dinheiro, como se adquire ou não o conhecimento.

Obs.: Estariam muito disfarçadas as cinco pontas da Estrela nesta última frase ou ficou óbvio demais?

A verdade é que, sem observação, você não consegue os fundamentos para construir sua própria vida. Sem observação, vai acabar cometendo os mesmos erros que todos antes de você já cometeram e, então, quando identificar – e se identificar – o caminho correto a seguir, talvez já seja tarde demais.

Como diria René Descartes: “Sempre tive um imenso desejo de aprender a distinguir o verdadeiro do falso, para ver claro nas minhas ações e caminhar com segurança na vida.”.

Que bonito isso, não? De novo: “[…] para ver claro nas minhas ações e caminhar com segurança na vida.”.

Muitos não são capazes, no entanto, de observar as pessoas bem sucedidas para ver como elas chegaram onde chegaram e, assim, buscar trilhar o mesmo caminho.

Lembrando que se muitos não são capazes mas você o é, isso é a própria Única Condição.

Vou além: a observação é a base de toda a felicidade humana. Mas este assunto, em específico, terá o seu lugar em momento oportuno.

Por hora, basta que utilizemos um raciocínio simples e muito proveitoso: se a observação é matéria-prima para tudo, é desejável conseguir um bom desempenho nesta habilidade.

Assim, ao bem compreendê-la e desenvolvê-la, você terá mais facilidade para dar o passo seguinte, que é sua natural sequência: a análise.

Próximo Tijolo: Análise.

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