Os Tijolos - Família Ordem

Simplificação

1. Ato ou efeito de simplificar.

Simplificar:

1. Tornar simples ou mais simples.

2. Tornar fácil ou claro.

Falamos que a divisão auxilia no controle e a razão é simples: ela simplifica o controle.

Acredito ser bastante intuitiva a noção de que é mais fácil controlar algo pequeno e simples do que algo grande e complexo. Pense em manobrar um automóvel ou um navio cargueiro. Pense no funcionamento de uma bicicleta ou de um acelerador de partículas. Não há dúvidas: é mais fácil controlar o que é mais simples.

Apesar de a divisão ser, em si, uma simplificação, esta última merece seu próprio tijolo porque existem simplificações que não são divisões. Exemplo: se estou com o carro cheio de materiais pesados a serem transportados para um determinado local, é mais simples se eu conduzir o próprio carro até o local do que se eu transferir tudo para o carro de outra pessoa e, então, fazer o transporte.

O exemplo acima pode parecer um pouco óbvio, mas, para muitas pessoas, a simplificação não é tão óbvia e, às vezes, isso ocorre devido ao nível de envolvimento delas na questão (já deve ter acontecido de você perceber uma solução mais simples para o problema de alguém enquanto a própria pessoa não conseguia vê-la).

Vale pensar novamente na observação e em como ela deve ser buscada ativamente, pois, quanto mais imersos estamos em um problema, mais difícil costuma ser mantermo-nos observadores atentos.

Por ironia do destino, uma excessiva necessidade de controle pode comprometer a simplificação.

Conheci, por exemplo, uma pessoa que, ao trabalhar com projetos, mal conseguia participar do trabalho propriamente dito de tanto que buscava mapear o fluxo das atividades, atribuindo milhares de códigos de cores e números para determinar status, percentual de conclusão de cada subetapa, nível de dependência em relação a outras tarefas e coisas do gênero. Nesse caso, é visível que a falta de moderação na necessidade de controle impedia a simplificação. E consumia uma infinidade de tempo.

Por outro lado, um professor certa vez me ensinou uma ferramenta muito útil para marcar reuniões: ofereça duas opções de horário. Por mais contraditório que possa parecer, se você disser “terça às 10h ou quinta às 16h30”, prestará um favor muito maior ao seu interlocutor do que se dissesse “esta semana estou tranquilo, veja aí um horário bom para você”.

Se não acredita, faça a experiência e meça o tempo de resposta. As inúmeras possibilidades oferecidas por uma semana inteira disponível demandam mais tempo para serem avaliadas. E como é da natureza do ser humano sempre desejar escolher a melhor opção, ele sempre gastará mais tempo quanto maior for o número de possibilidades.

Outra vantagem em simplificar é tornar-se uma pessoa muito mais desejada e a razão é… muito simples: o mundo, por si só, já é muito complicado. Como se lê em Venda-se, “Nós estamos sobrecarregados. Todos com quem você lida também estão.”. Ser simples é, pois, ser agradável aos demais.

Voando um pouco mais alto, o livro O Tao e a realização pessoal, de John Heider, me fez perceber algo que eu até praticava, mas sem consciência: “A simplicidade material proporciona abundância para compartilhar.”.

Olho para trás e sou obrigado a concordar. Sempre tive uma vida simplificada, mas era a mim que vinham pedir dinheiro emprestado os colegas que se vestiam com caras roupas de marca e mantinham hábitos de entretenimento dispendiosos. Por outro lado, era eu que sugeria a eles auxílio a uma ou outra ação de filantropia, o que eles faziam – quando faziam – com alguma contrariedade ou dificuldade, ainda que dispusessem de mais recursos comparados a mim.

Esse conceito de economia inerente à simplificação é, realmente, uma pérola que se aplica não apenas a dinheiro, mas também ao tempo, à saúde e a muitas situações da vida, sendo essa, talvez, a melhor ideia para se levar desse tijolo.

Mais simplicidade, mais facilidade. Simples, não?


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