Os Tijolos - Família Mudança

Transição

1. Passagem de um estado de coisas para outro.

Mais um conceito simplíssimo. Mais um conceito ignoradíssimo.

Há pessoas que pensam na mudança como a extinção imediata de uma situação para dar lugar ao surgimento imediato de outra. Bem, se alguém morre de ataque cardíaco, é bem assim mesmo. Mas as mudanças, em geral, não são tão dramáticas. Como dizem as sábias palavras, na transição confundem-se os elementos das duas gerações.

Você pode observar facilmente a importância e as características desse conceito no processo de sucessão presidencial, quando uma equipe de transição é constituída para facilitar a mudança.

Toda mudança possui um tempo ao longo do qual se desenvolve – a transição. Esse é o tempo que você tem para tomar as providências necessárias.

A transição é a oportunidade que você tem de se preparar para usufruir os efeitos positivos da mudança enquanto minimiza seus pontos negativos.

A compreensão desse processo é o que impede os bons observadores de tomar decisões precipitadas, pois o que vai deixar de existir ainda existe, e o que vai se consolidar em seu lugar ainda não o fez.

Essa sutil diferença pode representar questão de suma importância, principalmente no ambiente corporativo. Abandonar prematuramente uma situação apostando que ela não mais gerará frutos pode configurar desperdício do esforço e do investimento feitos no passado. De forma análoga, investir demais no que é apenas uma previsão, apostando que ela se consolidará rápida e hegemonicamente, representa risco excessivo e demonstra imprudência.

Obs.: Mais uma vez, o equilíbrio deve temperar a nossa sopa.

Em alguns casos, o tempo disponível para ajustes é ainda maior, pois algumas mudanças apresentam sinais de que vão ocorrer bem antes do processo se iniciar. Um país que mantenha um regime ditatorial já sabe o que vai acontecer com o seu próprio umbigo quando todos os ditadores dos países vizinhos começam a cair em sequência.

Mas pode ser ainda melhor. Algumas mudanças não são fruto das circunstâncias. É você quem as promove. A transição, nesse caso, é ainda mais suave, pois você tem total controle da mudança. Quer dizer, deveria ter…

Historinha.

Vamos supor que você ainda não tenha filhos, mas que, quando os tiver, terá que mudar para uma casa maior. Sua casa atual é nova, atende suas necessidades, e está em ótimas condições. Não há qualquer razão, portanto, para se mudar agora. Um dia, porém, haverá.

Já sabendo disso, você começa a pesquisar o mercado imobiliário e constata duas coisas. A primeira é que não dispõe de capital para comprar outra casa sem vender a primeira. A segunda é que há um bom desconto para a aquisição de imóveis antes do término da construção.

Então, um dia, a cegonha aparece.

Hora de agir. Você localizou um ótimo negócio e, para garanti-lo, precisa do dinheiro. Precisa vender a casa para obter o dinheiro, mas a sua nova casa ainda está longe de ficar pronta. Como você é um amplituder e lida muito bem com transições, em sua época de pesquisas imobiliárias, você já havia selecionado previamente um pequeno local para alugar até a nova casa estar finalizada – bem como um local para armazenar alguns móveis que seriam utilizados após a mudança definitiva, mas que não cabiam no alugado cafofo temporário.

Seu planejamento foi, como dizem, tudo de bom.

Mas, infelizmente, não é assim que costuma acontecer. Conheço uma pessoa que vendeu sua casa para comprar outra, mas, para a compra, precisava da liberação de um dinheiro que estava tardando em sair. Detalhe: a pessoa já estava morando na nova casa que iria comprar, mas não conseguia comprá-la efetivamente. O dono havia previamente demonstrado necessidade de vender aquele imóvel rapidamente e havia outros compradores interessados.

Agora veja esta situação. A pessoa corria o risco de ser despejada e ficar sem ter onde morar – por já ter vendido a casa onde morava antes – e, mesmo tendo dinheiro, corria o risco de não conseguir comprar a nova (agora atual) residência porque não conseguia a liberação dos recursos. Quanta confusão.

Esse caso é real e o mundo está cheio de outros muito semelhantes, onde pessoas não se preparam para fazer uma transição adequada e acabam sofrendo as consequências.

A transição, muitas vezes, é o único meio pelo qual uma mudança intencional consegue ser feita, principalmente se essa mudança requer alteração de hábitos. Vemos isso em relação a um regime que, de tão drástico, começa em janeiro e termina em… janeiro. Ou na tentativa de acordar mais cedo para produzir mais – que, se for muito exagerada, faz com que a pessoa fique sonolenta durante todo o dia, produzindo menos.

Essa é a razão pela qual mudanças devem ser planejadas e, sempre que possível, devem ser lentas. Aliás, em A Única Condição, já falamos sobre isso: se você deseja construir algo sólido para a sua vida, o segredo é avançar um pouco de cada vez para que, uma vez tendo avançado, você não retroceda.

Avancemos mais um pouco, então.


Próximo Tijolo: Abrangência.

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