A Estrela (p. 3)

OS ELEMENTOS

Um favor: verifique se você possui um divã, pois desejo falar sobre um conflito existencial.

Antes de dividir esse bolo em cinco fatias, pensei bastante, pois tenho certa implicância com as divisões que costumo encontrar, como “As 10 regras de ouro”, ou “Os sete passos para o sucesso” etc.

– Mas Álvaro, por que toda essa angústia?

É que, na maioria dos casos, quando você se depara com uma divisão em tópicos, existe a grande possibilidade de uma divisão diferente, o que resultaria em mais ou menos itens.

Veja este exemplo.

Napoleon Hill, um dos mais famosos escritores de todos os tempos sobre sucesso financeiro, cometeu, a meu ver, exatamente a imprudência que acabamos de assinalar. Trata-se do livro Think and Grow Rich, traduzido em edições brasileiras como Quem Pensa Enriquece ou, mais apropriadamente, Pense e Enriqueça.

Neste precioso tratado, Napoleon Hill propõe um sistema de seis passos para que você conquiste o que quiser em termos monetários.

No primeiro passo, define-se uma quantia; no segundo, o que você vai dar em troca; no terceiro, o prazo. E por aí vai.

Se tiver curiosidade, veja, à página 39 (Editora Fundamento, 2009) que o quinto passo é colocar por escrito os quatro passos anteriores. Bem, isso não é exatamente um passo, principalmente se você considerar que o passo anterior (o quarto) é elaborar um plano detalhado para a obtenção do que você definiu no passo 1.

Ora, como é que se elabora um plano detalhado se não for por escrito?

Notemos que, se o senhor Napoleon Hill tivesse ressaltado, no começo, a necessidade de se registrar cada passo por escrito, estaríamos falando de um plano de cinco, e não de seis passos.

Pior. Na verdade, seriam somente quatro passos, pois o sexto é: ler repetidamente o seu plano duas vezes ao dia em voz alta.

Isso é um passo?

E quando você lê de novo, no dia seguinte, seria o sétimo passo? Depois, talvez, o oitavo…

Essa divisão é tão estranha que um grande palestrante se embanana todo exatamente na hora de falar sobre o quinto passo. Em uma série de vídeos (não está mais disponível o link que eu possuía), Bob Proctor comenta cada um dos passos do sistema de Napoleon Hill. O vídeo do passo cinco é perceptivelmente desorientado. É tão confuso que Bob Proctor mostra uma quantidade de dedos com a mão enquanto fala outra (algo como “os cinco passos até aqui” enquanto mostra três dedos da mão).

Isso ilustra bem meu conflito pois, em minha visão, o sistema de Napoleon Hill tem apenas quatro passos.

Obs.: Antes que fique a sensação de que eu condeno o livro ou o trabalho de Napoleon Hill como um todo, cabe aqui um grande esclarecimento. O conjunto é muito bom. Também já li outro livro dele, chamado A Chave Mestra das Riquezas, e na estante mais um título me aguarda: A Lei do Triunfo. Apenas critiquei a pouca clareza do sistema dos passos de Quem Pensa Enriquece devido ao meu compromisso com você. Mas isso não significa que a leitura deva ser descartada. Pelo contrário.

– Mas Álvaro, você criticou a divisão em passos e está fazendo a mesma coisa: cinco itens (disfarçados de pontas de estrela). Por que não quatro? Ou seis?

Hum… que saia justa.

Na verdade, eu não condenei completamente a divisão. Se você se lembra, há pouco, eu recomendei a divisão. Acontece que ela é um pouco arriscada, só isso. Mas, veja só: você se arrisca por mim, ao ler o que eu escrevo. O mínimo que eu poderia fazer é me arriscar por você também.

Obs.: Envergonho-me por este último argumento. Tentarei melhorar.

A razão dessa divisão, como dito antes, é facilitar o caminho tornando cada área mais claramente identificável. É possível que, em sua opinião, seja necessário estabelecer outras áreas além destas cinco. Se assim for, estarei eu na posição de Napoleon Hill e, você, na de criticar o meu sistema.

Obs. 1: Facilmente encontraríamos recursos como Estrela de Seis Pontas ou O Quadrado Sólido para ilustrar um sistema com um item a mais ou a menos. Ou seja, se necessário, não seria difícil alterar, lembrando sempre que palavras são apenas palavras. O que vale é o fundamento.

Obs. 2: Por falar em alterar, você vai perceber necessidade ainda maior de flexibilidade no próximo texto sagrado. Os itens lá abordados são fruto de uma reflexão que ainda não terminou e, creio eu, nunca terminará. Você verá com seus próprios olhos daqui a pouco.

– Álvaro, gostaria de conhecer as cinco pontas da Estrela antes da observação número 37, por favor…

Vamos lá, então. São elas: Saúde, Relacionamentos, Tempo, Dinheiro e Conhecimento.

De agora em diante, sugiro que você considere esses elementos como ativos em sua vida. Para ajudá-lo, eis, emprestada da Contabilidade, uma definição de ativo:

“[…] os ativos são os bens e os direitos que a empresa possui em um determinado momento, resultantes de suas transações ou eventos passados e dos quais futuros benefícios econômicos podem ser obtidos.”

Esta definição pode ser encontrada na Wikipedia e é muito similar a outras encontradas em diversos textos contábeis. Tomo, aqui, a liberdade de reescrevê-la eliminando algumas especificidades para torná-la mais adequada ao nosso propósito:

“Ativos são os bens que você possui resultantes de esforços passados e dos quais futuros benefícios podem ser obtidos.”

Assim fica mais fácil pensar nas pontas da sua Estrela como ativos. E se quiser verificar, leia novamente a definição substituindo o termo “ativos” por cada uma das pontas da sua Estrela. Ideias começarão a surgir, veja:

“A Saúde é um bem que você possui resultante de esforços passados e dos quais futuros benefícios podem ser obtidos.”

“Os relacionamentos são bens resultantes de esforços passados…”

Mais à frente, quando formos discutir a sinergia entre seus ativos, a imagem dos benefícios futuros ficará ainda mais clara.

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