Prioridade – Utilidade:

Semelhante ao que ocorre com a delegação, a priorização também envolve boa dose de análise, pois um erro nesse momento pode consumir muito do seu tempo.

Em Os Tijolos (surpreendentemente no item Prioridade), falamos que você precisa ter cuidado tanto com a procrastinação quanto com a pró- atividade. Em alguns casos é uma que se mostra a vilã, mas em outros casos, é a outra. O importante é fazer tudo conforme a necessidade e a importância de cada coisa, ou seja, conforme a contribuição de cada uma delas para a sua vida.

Em um cenário com várias tarefas a realizar, é impossível evitar a sensação de estar “empurrando” um monte de atividades para a frente e, algumas, possivelmente para o resto da vida. Tão logo você admita que faz isso – e sem a menor dor na consciência – sua vida ganhará outra dimensão no tempo. Em outras palavras: vai sobrar tempo para caramba.

Pense comigo e verá que essa conduta não é necessariamente errada – conforme também vimos em Os Tijolos, mas que vale ser retomada aqui. Se uma pessoa ativa e ocupada sempre tem o que fazer (pois esta é a definição de uma pessoa ativa e ocupada), sempre haverá coisas que ela não estará fazendo. E se ela se mantiver ativa e ocupada até o dia da sua morte, é certo que várias coisas não terão sido feitas (aquelas que ela escolheu não fazer para poder fazer as que fazia).

Sabendo priorizar, os maiores realizadores da humanidade em todos os campos efetivamente contribuíram conosco enquanto estiveram por aqui. Por outro lado, quem tenta fazer mais do que consegue acaba não fazendo nada que preste.

Tenha coragem e saiba negar, tanto aos outros quanto a si próprio. Não se sobrecarregue sem que haja extrema necessidade.

Clareza:

Simples e rápido. Você perde muito tempo com a falta de clareza, que indica direções erradas a seguir, providências erradas a tomar etc. Prefira gastar o seu tempo certificando-se de que tudo está muito claro – seja quando emite, seja quando recebe a mensagem. Assim, evitará o que chamamos de retrabalho, que tanto tempo consome daqueles que não se previnem.

Inação:

Pode-se pensar – equivocadamente – que a inação acarreta perda de tempo da seguinte forma: se você tivesse agido, já teria se adiantado.

A razão desse erro é a não observação do item anterior, a clareza. Porque quando as coisas não estão claras, há muito mais caminhos errados do que certos e por isso a decisão de agir o afastará do êxito – até por questão de probabilidades.

Equilíbrio:

Quando falamos em prioridade, o assunto, apesar de difícil na execução, é simples na teoria.

Mas, na verdade, ele não é difícil na execução apesar de simples na teoria, mas difícil na execução porque também é difícil na teoria. – E qual seria a explicação para esse mingau, Álvaro?

Ah, a explicação, essa sim, é simples. O problema da dificuldade em priorizar é que não desempenhamos um papel apenas, mas vários. Basta pensar que um homem pode ser, ao mesmo tempo, um profissional, um marido, um pai e um filho. E não nos esqueçamos de que ele também possui suas próprias aspirações no plano pessoal.

Agora me diz. Você tem ao menos uma atividade para realizar, respectivamente, em cada uma dessas instâncias: relatório para entregar (profissional), um jantar romântico para manter acesa a chama (marido), trabalhos de escola para elogiar (pai) e alguns conselhos para escutar (filho). Ah, esqueci de dizer, já são 17h30… Como é que se prioriza em uma situação dessas?

Falamos que era difícil também na teoria… Bem, mais uma vez o equilíbrio vem nos salvar.

Se você sempre entregar relatórios de qualidade e dentro do prazo, alguém vai entender se hoje, especificamente, você não conseguir.

Se você está sempre fazendo renascer seu amor em gestos de romantismo, seu cônjuge há de entender o dia em que você não puder fazer nada a respeito.

Se você sempre dá atenção aos filhos, eles não vão crescer adultos inseguros só porque, em um dia, você não pôde ver os trabalhos de escola. E por aí vai.

Isso significa que, se no dia a dia você agir com equilíbrio, buscando satisfazer da forma possível as suas diferentes demandas, é provável que qualquer parte consiga perdoá-lo por alguma falha. Afinal, você está se desdobrando, não está?

O bom do equilíbrio é que ele não deixa morrer nada do que é importante. E se você achar que uma das demandas está reclamando demais por atenção, o erro pode estar lá. Talvez seja necessário deixar aquela demanda “morrer” um pouquinho. Senão quem morre é você.

Equilíbrio.

Equilíbrio.

Equilíbrio.

E você não cairá.

Responsabilidade:

Acima de tudo, peço encarecidamente: assuma a responsabilidade pela administração do seu tempo. Lembre-se de que é você quem decide, é você quem prioriza, é você quem equilibra as demandas. Você é o total responsável e, acredite, as pessoas sabem disso, pois vê com mais facilidade quem está de fora. Isso quando não acaba acontecendo o pior: você cair em descrédito.

Se quer uma comprovação, faça o teste. Diga que não tem tempo a uma pessoa que conviva com você. Mas reclame bastante mesmo. Depois, pergunte o que ela pensa a respeito, o que ela acredita que você poderia fazer. Qualquer um poderá apontar de imediato, entre seus hábitos, um que, além de desnecessário, rouba desavergonhadamente o seu tempo.

Por esta razão, dizer “eu não tenho tempo” é dizer um monte de coisas negativas a seu respeito e nenhuma delas corresponde à frase proferida. Ao dizer isso, você está afirmando, no mínimo, que (1) não sabe priorizar as coisas, (2) não é uma pessoa equilibrada, (3) não tem disciplina, (4) não sabe se organizar, (5) não consegue delegar adequadamente, (6) não sabe simplificar e (7) não tem consciência de que todas essas são características suas – que é o pior de tudo, sem dúvida, porque não dá nem para começar a consertar o que você não percebe estar com problemas.

Minha sugestão? Procure analisar com a maior honestidade possível se você realmente não tem tempo. Não precisa falar para ninguém além de você mesmo – assim talvez seja mais fácil manter a honestidade. Depois, trace um plano exequível – e simples – para assumir o controle sobre o seu tempo. Porque, se formos analisar bem, todos temos tempo sobrando. O único problema é que ele sempre está sendo utilizado para alguma coisa…

:-)

PARA ACABAR

Nunca se esqueça de que o uso deficiente do tempo pode restringir sua liberdade.

Por outro lado, ter consciência da realidade não apenas evitará ilusões, mas também impedirá que sua vida seja controlada por outras pessoas.

Lembre-se: suas escolhas, seu destino. Amplie seu tempo e ampliará sua liberdade.

Estou orgulhoso de sua persistência. Merece até um Dinheiro.