Dinheiro (p. 3)

Delegação (como ganhar e como gastar):

Este item também já foi abordado o suficiente e está aqui apenas para que você perceba a relação que ele possui com as duas seções nas quais o tema foi dividido: como ganhar e como gastar.

Muito simples. Pelo exemplo anterior da fabriqueta de sopas, você viu o custo de uma delegação – a contratação de uma pessoa por R$ 600,00.

Obs.: E tem gente que prefere gastar R$ 600,00 em uma jaqueta.

Do outro lado da mesma moeda está o ganho gerado pela delegação. Lembre-se, inclusive, de que sua Estrela tem várias pontas e, apesar de ter havido ganho em dinheiro com o investimento de R$ 600,00 em delegação de tarefas, houve também o ganho em tempo.

 

Investimento (como ganhar):

Não nos esqueçamos dos investimentos. O trabalho é muito bom, mas se existe um jeito prazeroso de ganhar dinheiro é através dos rendimentos de uma aplicação financeira. E, a essa altura, você já sabe que esse ganho também representa uma renda passiva.

Essa renda é proveniente dos juros que a instituição financeira paga para que você deixe seu dinheiro lá, e a razão pela qual os investimentos financeiros lhe pagam juros é bastante simples.

Imagine uma loja qualquer. Ela compra e vende produtos. Compra de seus fornecedores e vende-os aos seus clientes. Nesse processo, ela aplica uma margem (ou seja, aumenta o valor do produto) para que possa ganhar dinheiro com a atividade, que é seu trabalho. O contrário – vender pelo mesmo preço de compra – não faria sentido algum.

O banco é uma loja também, só que de dinheiro. Quando as pessoas precisam de dinheiro, recorrem ao banco para “comprá-lo”. O banco, por sua vez, precisa de fornecedores do produto que ele vende – o dinheiro. E é aí que você pode escolher de qual lado vai estar.

Se a loja precisa aplicar uma margem sobre o preço dos produtos comprados de seus fornecedores, o banco também precisa. Portanto, ele pega o dinheiro de alguém e repassa a outra pessoa cobrando a mais por isso. Só que, é claro, ele precisa convencer o fornecedor a fornecer para ele. Então ele aumenta mais um pouquinho o valor do produto final para que existam duas margens: a dele e a do fornecedor de dinheiro. Assim, a loja de dinheiro ganha e também mantém seu fornecedor.

Quando você aplica seus recursos no banco, você é o fornecedor. Você é quem vai receber aquela margem extra que ela cobra. Só lembrando: renda passiva.

As coisas podem se complicar um pouco, pois não é apenas através desse mecanismo simples que alguma renda pode ser obtida com o investimento do dinheiro que você já possui. Existem títulos do governo, ações e combinações dessas opções com outras tornando tudo muito mais complexo.

De qualquer forma, como nosso objetivo aqui não é lhe apresentar boas opções de investimento do Banco Amplitudo, mas apenas indicar meios de ampliar sua liberdade, limitaremos nossa exposição a conceitos gerais que influenciam na quantidade de dinheiro que você pode ganhar com os mais diversos investimentos, independente da simplicidade ou da complexidade deles.

Uma das coisas que precisamos ter em mente ao realizar o investimento é o objetivo (tijolo: propósito). Sim, você ganha dinheiro em forma de renda passiva quando aplica seus recursos financeiros, mas nem só para isso se poupa. Você pode estar poupando para comprar um carro, por exemplo.

Por causa dos diferentes objetivos que você venha a possuir para seus investimentos, uma das primeiras reflexões a fazer é quanto à maturação de seu investimento, ou seja, o prazo.

Por exemplo: se hoje você possui 30 anos e pretende se aposentar com 60, todo o dinheiro destinado à conta da sua aposentadoria lá permanecerá por longos trinta anos.

Mas se você quer comprar um carro daqui a cinco anos e esse é o objetivo de suas economias e investimentos, o tempo que o seu dinheiro tem para render é bem menor.

Essa análise é importante, pois, dependendo do prazo, são diferentes as rentabilidades do seu investimento. Quanto maior o prazo que você tem para investir seu dinheiro, maior sua rentabilidade.

Existe uma razão para isso, do ponto de vista bancário. Lembre-se de que o banco é uma loja e você, como aplicador, seu fornecedor. Se você fosse uma loja e tivesse constantemente problemas no seu fornecimento, estando sempre sem mercadoria e desagradando seus clientes de vez em quando, não seria interessante se aparecesse um fornecedor “ponta firme”? Não seria também interessante pagar um pouco a mais pelos produtos desse fornecedor que é capaz de garantir produtos ininterruptos, por exemplo, pelos próximos 30 anos?

Pois é isso que o banco faz. Quando você aparece com um dinheiro que não será utilizado por um prazo longo, o banco sabe que poderá emprestar esse seu dinheiro várias e várias vezes a várias e várias pessoas. E como ele está emprestando o mesmo dinheiro várias e várias vezes, não é má ideia pagar um pouquinho a mais por este fornecedor do que por outro que, após o banco ter realizado uma ou outra operação, já quer sacar tudo de volta.

Mas não é só isso que influencia os rendimentos. Tão famoso quanto os grandes pares da humanidade – Romeu e Julieta, João e Maria, Tom e Jerry – estão nossos amigos Risco e Retorno.

O retorno sempre será maior quanto maior for o risco. E, agora, de trás para frente: o risco sempre será maior quanto maior for o retorno.

Não é difícil entender isso. Se você trabalha com vendas e, portanto, sua renda é variável devido às flutuações de suas comissões, há o risco de, em alguns meses, você ganhar menos do que precisa. Agora, me responda: quem seria vendedor se só houvesse o risco? É porque existem as chances de se ganhar um alto retorno proveniente de boas vendas que as pessoas aceitam trabalhar com o risco de se ganhar pouco de vez em quando.

Veja a prática ilegal da venda de cocaína, por exemplo. Observe o tamanho do retorno: milhões e milhões. Observe o tamanho do risco: prisão ou morte.

Nos investimentos você também terá que lidar com esse binômio – não prisão e morte, mas risco e retorno. Existem aqueles que possuem mais chances de rentabilidade, porém carregam consigo um maior risco. Em geral, você pode se arriscar um pouco mais no começo da vida – pois tem tempo para corrigir as besteiras – e menos ao final – quando é mais recomendável estabilidade e serenidade, até por questões de disposição física (saúde) para suportar as consequências de um revés financeiro.

Finalizaremos esta breve seção com uma variável mais que negligenciada: a liquidez.

Liquidez é a capacidade de transformar um investimento em dinheiro vivo, ou seja, em dinheiro que você pode gastar imediatamente. Se você tem cem mil reais em uma poupança no banco, por exemplo, sua liquidez é de um dia. Você comanda o resgate em um dia e já pode torrar o dinheiro no outro. Às vezes, é de menos de um dia, pois você pode comandar o resgate e já utilizá-lo na mesma hora.

Por outro lado, se você possui um apartamento que vale cem mil reais, para usar o dinheiro você terá que, primeiro, vender o apartamento. E vendê-lo pode demorar algum tempo. Certamente mais que um dia. Por isso, a liquidez de um apartamento é menor que a de uma poupança, mesmo que os valores sejam iguais. E isso faz muita diferença em relação a oportunidades, como você verá em três parágrafos.

Falamos sobre o investimento de longo prazo que lhe dá mais rentabilidade, certo? Essa opção está totalmente atrelada à liquidez. O fato de você deixar o seu dinheiro mais tempo no banco diminui sua liquidez (por não poder sacá-lo antes de um determinado prazo). Como a sua liquidez é menor, a rentabilidade pode ser maior.

Obs.: Apesar de essa não ser uma regra absoluta – afinal, apartamentos pouco líquidos não renderão necessariamente mais que uma poupança super líquida, por exemplo – quando você fala exclusivamente de aplicações financeiras de natureza semelhante, ou seja, dinheiro em banco, vale esta regra da rentabilidade inversamente proporcional à liquidez.

Ainda que o propósito do Amplitudo não seja a instrução financeira em profundidade, julguei ser importante mencionar a liquidez por ser um conceito muito ignorado pelas pessoas que não têm por hábito instruir-se em investimentos financeiros. E isso pode lhes trazer dores de cabeça.

Por exemplo, agora mesmo, nesse momento em que escrevo, estou acompanhando o esforço de uma amiga que tenta vender seu apartamento e não consegue.

E se você se lembra do que falamos em Os Tijolos sobre o custo de oportunidade, vai reconhecer a situação aqui. Essa amiga está tentando vender o apartamento para poder, com o dinheiro, comprar uma casa que está disponível e que muito lhe agradou. Só que o apartamento não consegue ser vendido logo. A questão é: quando ele for vendido, a casa ainda estará disponível ou a oportunidade terá sido perdida?

Está aí a vantagem da liquidez. Se o dinheiro dela estivesse líquido em uma aplicação financeira, por exemplo, a casa já poderia ser comprada.

E, para encerrar: lembre-se da adequação, da consciência e do propósito. Já falamos desses tijolos tão preciosos. Seus investimentos precisam estar adequados à sua realidade e aos seus objetivos.

 

SUPERLATIVO

Riqueza, abundância, prazer, poder. Esse é o dinheiro elevado ao seu mais alto grau.

Não nos esqueçamos do que falamos há pouco. O dinheiro amplia as características já existentes nas pessoas. Portanto, se você acha que o superlativo do dinheiro são problemas, falsidade das pessoas e medo de ser sequestrado, talvez você não precise ter muito dinheiro para experimentar todos esses sentimentos. Talvez eles já estejam aí.

O oposto do dinheiro em seu mais alto grau é a miséria. Sim, podemos pensar em um monge que viva muito bem sem dinheiro. Mas você há de concordar comigo que esta é uma exceção. Em um contexto capitalista como o que vivemos nos dias de hoje, não ter um único tostão furado representa mais a condição de um mendigo necessitado que a de um monge feliz.

No superlativo do dinheiro não há restrições (financeiras, ao menos). E onde não há restrições, a liberdade é máxima.

 

A CONSTRUÇÃO

Aqui estão os tijolos que acrescentaremos à nossa edificação: independência, priorização, multiplicação, intermédio, garantia, esforço, controle, disciplina, paciência, inação.

 

Independência:

Não é difícil perceber como que este tijolo se relaciona com o dinheiro. Na verdade, entre todas as cinco pontas da Estrela, a relação da independência com o dinheiro é a que as pessoas conhecem de forma mais instintiva e intensa. Afinal, se você tiver muito dinheiro, poderá fazer o que quiser – é o que dizem – e, se você pode fazer o que quiser, não lhe está sendo imposta qualquer sujeição. Aí, portanto, está a sua independência.

Apenas não se esqueça de nosso tijolo equilíbrio. Não é independente uma pessoa que, por mais dinheiro que possua, não tem saúde alguma. Ou uma que, apesar de muito dinheiro, não possui conhecimento, pois será enganada o tempo todo pelos outros, o que é um tipo de sujeição.

Por mais que o dinheiro lhe confira a ideia de independência, não é, definitivamente, a única coisa que importa e, para piorar, entre todas as cinco pontas da sua Estrela, o dinheiro – de forma a realmente conferir total independência – é a mais difícil de conquistar. O conhecimento e os relacionamentos, por exemplo – pensando na conquista da independência – são muito mais fáceis de serem obtidos.

 

Priorização:

Quando sugerimos a divisão de seus gastos em compartimentos separados algumas páginas atrás (modelo das “cestas”), estávamos, na verdade, tornando mais simples o processo de priorização.

Pense comigo. Se a cada vez que você precisar realizar um gasto financeiro tiver que tomar decisões conflitantes, vai se desgastar. Mas se, por outro lado, você estabelece percentuais de aplicação do seu dinheiro, só precisará priorizar gastos dentro de um mesmo grupo, e não em relação a todo o resto.

Exemplo. Você destina um percentual de seu dinheiro para seu aperfeiçoamento através do estudo. De repente, surge a oportunidade de você fazer dois cursos muito interessantes, mas só existe dinheiro para um deles. Aí está sua priorização. Escolher uma opção entre duas.

Agora imagine que você não fez uma reserva para este fim específico. Você vai ter que escolher entre fazer um curso, fazer o outro curso, pintar a casa, comprar um presente, trocar o estofamento do sofá, sair para jantar…

Complicou, né?

Esse método, apresentado lá atrás e retomado neste comentário, tem o mais sincero objetivo de simplificar a sua vida. Não pense que o método em si é complicado. Claro, é mais complicado do que simplesmente gastar o seu dinheiro sem pensar em nada. Mas as complicações posteriores que ele evita são maiores, porque, em geral, você precisa de menos tempo para planejar do que para corrigir suas besteiras financeiras, sem contar que o sofrimento é bem menor. Ao simplificar suas decisões – que é a essência dessa classificação das despesas – você pode usar menos tempo com conflitos e mais tempo com prazeres.

E esta parece ser uma ideia muito agradável.

 

Multiplicação:

Talvez seja desnecessário comentar, mas você pode ter estado meio distraído e não ter percebido o que deve fazer com o seu dinheiro.

Caso isso tenha acontecido, a resposta é esta: multiplicar.

Se você se ativer ao pensamento de que, em uma dada aplicação financeira com o objetivo de gerar renda passiva, os seus rendimentos sempre serão um percentual do montante acumulado, é bem óbvio que, determinada a porcentagem, quanto maior for o montante, maior será o dinheiro obtido a partir do rendimento sobre esse total.

Fica, então, a pergunta-lembrete-reflexão: por que as pessoas gastam tudo que conseguem ganhar?

 

Intermédio:

Esse tijolo, muito importante, aqui é praticamente o próprio espírito da coisa.

Você precisa ter sempre em mente que a acumulação do dinheiro não pode ser vista como um fim em si, ou não faria qualquer sentido. Seria o mesmo que passar a vida inspirando com mais força só com o objetivo de utilizar mais oxigênio do planeta que as outras pessoas.

O dinheiro nada mais é do que um intermediário. Existe você e existem os seus sonhos.

E existe o dinheiro, que o ajuda a realizar seus sonhos. Quando você junta dinheiro para acumular uma quantia que lhe renda R$ 5.000,00 por mês em juros sem ter que fazer coisa alguma, precisa ter em mente os objetivos que pode realizar quando enfim chegar nessa marca. Existem pessoas que, ao chegar nos 5, percebem que se não retirarem mensalmente esse rendimento, ele só ajudará a aumentar ainda mais o montante – o que é totalmente verdade – e, em pouco tempo, em vez de retirar cinco poderiam estar retirando seis.

Então, chegam a seis. Mas com um pouco mais de paciência, poderiam retirar sete e, com ainda mais paciência e muito mais tempo, dez. E a acumulação do dinheiro perdeu o seu significado essencial, que era a promoção da liberdade do indivíduo, passando a ser uma espécie de vício ou mania.

Por que isso aconteceu? Porque a acumulação deixou de ser um meio (intermédio), passando a ser o fim em si mesma. E como os números nunca chegam a um término, sempre haverá a possibilidade de se poupar ainda mais.

Só não se esqueça de que, ao contrário dos números, você chega a um término. E esse momento chama-se morte. Nem precisamos ser tão trágicos. Se você envelhece muito, pode-se ver sem a possibilidade de gastar seu dinheiro como gostaria, tudo porque acumular virou um objetivo final, em vez de apenas uma ferramenta. Você acabou “passando do ponto” e o esforço da vida inteira acabará por não se transformar em reais benefícios.

 

Garantia:

Já falamos, mas não custa repetir: a única garantia é ser útil.

Tem gente que acha que o dinheiro é garantia. Não é. Ele ajuda bastante, principalmente enquanto ele vale, mas a história já provou que, por ser um artigo virtual que não tem valor intrínseco, apenas representando um valor que realmente existe, o dinheiro pode, sem piedade, arruinar as pessoas que somente nele baseiam a sua existência.

E, então, você pergunta: de uma forma ou de outra, não dependemos todos nós do dinheiro?

Sim, mas só porque inseridos no nosso tão mencionado contexto capitalista. Lembre-se de que, mesmo se o dinheiro perder o valor por alguma razão, as pessoas continuam precisando comer, vestir e morar. E, em um cenário de extrema confusão financeira, se você souber cozinhar, costurar ou construir, certamente estará em melhor posição que aquele cujas únicas posses são títulos do governo da Sindávia resgatáveis em dez anos…

Em outras palavras, o dinheiro é muito importante e, se não fosse, não seria uma das pontas da sua Estrela, demandando todo esse texto sobre ele. Mas o dinheiro não é tudo e, pensando que as coisas não são eternas e que a nossa realidade pode vir a mudar algum dia, aqui vai o conselho: tenha um plano B.

Obs.: Existe uma ideia super secreta para montarmos no Amplitudo um grupo de discussão – e, se possível, de ação – sobre esse tal “Plano B”. Mas não se preocupe; quando chegar a hora, você será avisado.

 

Esforço:

Esse é muito importante. Há pessoas que acreditam ser possível, ou correto, conquistar dinheiro sem trabalho, sem esforço.

Pois não é.

Qualquer conquista – e a do dinheiro não escapa a essa regra – deve ser o resultado de um esforço, como um prêmio pela dedicação. Em outras palavras, o mérito que faz você ter direito àquela recompensa enquanto outros, não.

Não fosse assim, todos poderiam ter acesso a tudo, independente de seus comportamentos preguiçosos. Mas a vida mostra que as coisas não funcionam desse jeito. Basta observar o que costuma ser conquistado pelos preguiçosos que você verá como o esforço faz parte da equação de todas as verdadeiras conquistas.

Do dinheiro, então, nem se fale.

CADASTRE-SE NO
AMPLINEWS